Neste Natal, o consumidor deve tomar cuidado ao comprar brinquedos Made in China. O alerta se baseia em denúncia do Greenpeace e da Rede Internacional para Eliminação dos Poluentes Orgânicos Persistentes (Ipen) que, em recentes análises, constataram altos níveis de metais pesados em 30% dos brinquedos e produtos infantis chineses pesquisados. E alguns modelos avaliados são vendidos no Brasil.
O JT teve acesso à lista com 187 brinquedos tóxicos e constatou que, entre os reprovados, estão o Hot Wheels tradicional e o Speed Machines Hot Wheels (ambos da Mattel) e o Lego Creator (Lego).
No caso do Hot Wheels, o problema é a concentração de arsênio, que chega a 275 partes por milhão (ppm) no tradicional e 203 ppm, no Speed Machines – no Brasil, o limite máximo de arsênio em brinquedos é de 25 ppm, segundo a norma NM 300-3:2002 do Inmetro. A Mattel contesta o teste.
No Lego, a anormalidade constada foi a taxa de 161 ppm de antimônio (o limite é de 90 ppm) e de 140 ppm de crômo (no Brasil, tolera-se até 60 ppm). Em sua defesa, a empresa informa que os metais pesados obedecem limites impostos na China e que faz rigorosos testes para se certificar que não haja contaminação das crianças por meio de suor, saliva ou acido gástrico. A Lego acrescenta que seus produtos têm certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
O Inmetro contesta a avaliação feita na China e garante que brinquedos vendidos com seu selo são seguros e passam por testes rigorosos. O órgão diz monitorar ações de vigilância no exterior e que brinquedos com níveis de metais pesados acima do permitido são nocivos à saúde. “Se o produto está sendo comercializado irregularmente por má fé do fabricante (e não por eventual descontrole do processo de fabricação), o Inmetro suspende a certificação e retira o produto do mercado”, diz.
Bandidos
Há também o risco oferecido por brinquedos irregulares – piratas ou com peças originais contrabandeadas. “Cerca de 10% do mercado brasileiro de brinquedos é irregular e constituído por pirataria e contrabando. É um mercado de R$ 370 milhões nas mãos de bandidos”, diz Synesio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
Nesse caso, um agravante é que o próprio Inmetro admite a existência de brinquedos irregulares com selos falsos do órgão. Em outubro, a polícia pernambucana apreendeu e destruiu 16 mil brinquedos com selos falsificados.
Identificar o selo falso é difícil, mas há recomendações. “Se o item for vendido no comércio informal e o preço for muito menor que a média do mercado, pode ser indício de falsificação”, diz Lia Gonsales, coordenadora de mobilização da ONG Criança Segura. Se o consumidor encontrar produtos com selo falso ou sem certificação, deve denunciar à Ouvidoria do Inmetro (0800 285-1818), no caso do mercado formal e às prefeituras para o caso do informal.
Veículo: Jornal da Tarde - SP