Cultivo de algodão deve avançar no país

Leia em 4min 10s

O cultivo de algodão na safra 2011/12 no país começou com a perspectiva de crescimento de área, apesar das cotações em declínio no mercado internacional. Alguns produtores vão ampliar o cultivo em até 20% em relação ao ciclo passado. A aposta vem de produtores, a maior parte de grande porte, que venderam antecipadamente mais de metade de sua safra a US$ 1 por libra-peso ou acima disso. Ontem, a segunda posição para o algodão na bolsa de Nova York fechou a 86,72 centavos de dólar a libra-peso. Na média nacional, a área deve avançar 5%, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

 

A exceção entre os grandes produtores é o gaúcho Eraí Maggi, que na última temporada teve a maior área de algodão no país - 107 mil hectares - e que neste ciclo fez um rearranjo entre as fazendas arrendadas que resultou na redução da área de algodão para 90 mil hectares.

 

"Essa mudança não foi motivada pelo algodão, mas afetou a área da cultura, pois envolveu uma fazenda algodoeira na Serra da Petrovina (MT)", explica o produtor, que planta em Mato Grosso. Ele acredita que sua área pode ainda avançar em mais 10 mil hectares, caso a colheita da soja seja feita dentro do prazo previsto, de forma a permitir o cultivo do algodão safrinha em seguida.

 

Segundo Maggi, em torno de dois terços do que será produzido nos 90 mil hectares já foram fixados a valores próximos de US$ 1 por libra-peso. Se descontadas as despesas de exportação, como frete, esse valor cai para 90 centavos de dólar por libra-peso - o equivalente a US$ 30 por arroba de algodão.

 

Mesmo com a queda recente dos preços da pluma - que chegou a superar US$ 2 a libra-peso em Nova York -, a SLC Agrícola ampliará o plantio. A empresa mantém a previsão de cultivar 96,2 mil hectares, 14% mais do que os 84,7 mil hectares da safra 2010/11. Com isso, a companhia, segunda maior produtora de algodão no ciclo passado, tende a saltar nesta safra para a liderança nacional, desbancando Eraí Maggi.

 


A decisão de aumentar a área se deveu ao elevado volume de venda antecipada a preços mais altos. "Cerca de 60% da nossa produção futura está fixada a um valor superior às cotações atuais. Devemos ter novamente um ano de bons resultados para a pluma", diz o presidente da SLC Agrícola, Arlindo Moura.

 

O maior aumento em termos percentuais será do produtor Walter Horita, um dos maiores do Oeste baiano. Até agora, ele fixou de 65% a 70% da produção que será colhida em 2012. "Na média, os preços fixados estão em US$ 1,02 a libra-peso (posto no porto de Santos)", informa. Ele já iniciou o plantio de uma área que deve alcançar 30 mil hectares, 20% mais que na safra passada.

 

Controladora das áreas dos grupos Maeda e Vanguarda, a Vanguarda Agro deve manter o mesmo cultivo de algodão do ciclo passado, em torno de 50 mil hectares. O presidente da empresa, Bento Moreira Franco, diz que a venda antecipada está em linha com o que os grandes produtores vêm fazendo. "A fixação de preços atinge cerca de 50% da produção esperada para o ano que vem", afirma Bento.

 

Apesar de os grandes produtores estarem com mais da metade da safra fixada a preços elevados, na média do segmento, esse 'hedge' está menor. Segundo o presidente da Abrapa, Sérgio De Marco cerca de 38% da safra está fixada a níveis entre 98 centavos e US$ 1 por libra-peso.

 

Esse nível de fixação já trouxe algum ânimo para o aumento da área de algodão no país que baterá novo recorde, segundo ele. Estimativas da entidade indicam o cultivo de 1,493 milhão de hectares, 5,5% mais do que no ciclo passado. A entidade espera que a produção atinja 2,1 milhões de toneladas. Em torno de 800 mil toneladas já estão com preços fixados.

 

No entanto, De Marco reconhece que há muita produção ainda sem preços "hedgeados", ou seja, há uma incógnita sobre o nível de rentabilidade da safra. Por outro lado, em alguma medida a queda das cotações está sendo compensada pela valorização do dólar. "Além disso, não acredito que as cotações virão abaixo de 85 centavos. País nenhum no mundo vai conseguir plantar com preços abaixo de 85 centavos. O custo médio mundial está entre 80 e 85 cents", diz De Marco.

 

Os preços do algodão têm registrado forte queda nos últimos meses diante da perspectiva de baixa demanda global e muita oferta. Desde o pico de US$ 2,0714 a libra-peso em 8 de março deste ano, as cotações já recuaram 58,13%, para a casa dos 86 centavos de dólar a libra-peso.

 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Panasonic começa a produzir em julho

O início da produção de refrigeradores e máquinas de lavar roupas pela Panasonic em sua mais...

Veja mais
Certificação dá impulso às exportações de frutas

Os exportadores de manga e uva da região do submédio do Rio São Francisco, concentrados nos polos d...

Veja mais
JBS estima cortar US$ 500 milhões em custos em 2012

Depois de se reestruturar internamente, a JBS agora quer cortar custos em escala global. Uma das líderes no merca...

Veja mais
Caldo versátil

O sol e a sazonalidade castigam as sopas em pó. Segundo a diretora de marketing da Ajinomoto, Adriana Moucherek, ...

Veja mais
Multiplan compra terreno do Walmart

A Multiplan terá na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, um complexo de shopping centers e de...

Veja mais
Kodak corre contra o tempo para não quebrar

A Eastman Kodak está encontrando muitos obstáculos em sua tentativa de vender algumas de suas patentes ou ...

Veja mais
Aumento de custos e demanda menor afetam segmento têxtil

Destoando da maior parte dos setores industriais, o segmento têxtil registrou queda de 9,4% no faturamento real ne...

Veja mais
Compra da ceia na última hora pode render desconto

Professor do Insper diz que pode haver queima de estoque; lojas atacadistas também garantem que conseguem reduzir...

Veja mais
Lojistas podem virar o ano com estoque nas prateleiras

O otimismo dos comerciantes brasileiros nestes últimos meses fez com que eles elevassem seus pedidos juntos aos f...

Veja mais