Depois de dois anos em alta, a renda agrícola ("da porteira para dentro") das 20 principais culturas do país deverá diminuir em 2009, apesar das altas previstas para produtos básicos como arroz e feijão.
Estimativa divulgada na sexta-feira por José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, projeta esta receita conjunta em R$ 161,274 bilhões no ano que vem, 2,4% menos que o valor previsto para 2008 (R$ 165,272 bilhões), que no novo relatório permaneceu praticamente estável em relação aos números divulgados em outubro.
A queda estimada decorre da prevista redução da produção brasileira de grãos nesta safra 2008/09, confirmada pela Conab na semana passada, e da retração dos preços das commodities em geral em virtude da temida desaceleração econômica global derivada da crise financeira irradiada a partir dos Estados Unidos.
Após atingir R$ 147,941 bilhões em 2004, recorde histórico até então, a renda agrícola calculada por Gasques caiu 15,2% no ano seguinte e desceu para R$ 125,247 bilhões em 2006. Vieram, então, o forte crescimento de 2007 (13,1%) e o salto já garantido para 2008 (16,7%), puxados pela disparada das commodities deflagrada pela demanda dos gigantes emergentes (China e Índia, principalmente), e agora o horizonte volta a nublar.
Pelo menos por enquanto, conforme os números de Gasques, o principal foco de preocupação é a soja, carro-chefe do agronegócio nacional. A receita com o grão está projetada em R$ 43,508 bilhões em 2009, 2,6% menos que o valor previsto para este ano. As rendas de milho e cana, as duas outras principais culturas neste ranking, tendem a seguir estáveis. O milho deverá render R$ 22,227 bilhões e a cana, R$ 21,144 bilhões.
Também chamam a atenção a queda de trigo (24%), algodão (10,8%) e laranja (8,6%) e as elevações previstas para as rendas de arroz (21,4%) e feijão (6%).
Veículo: Valor Econômico