Concorrência desleal com os produtos chineses impacta segmento.
O desempenho do segmento têxtil em Minas Gerais deverá ser o pior da história. A concorrência com produtos importados, principalmente chineses, e a valorização do real frente ao dólar são os motivos apontados para a previsão de retração estimada de até 11% na produção da industria mineira, em comparação com 2010. A avaliação é do presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis e de Malhas do Estado de Minas Gerais (Sindimalhas-MG), Flávio Roscoe.
"2011 é o pior ano da história, principalmente por conta da invasão dos produtos importados e a valorização do real. Com isso, a indústria acabou perdendo 14% do mercado nacional, o que deve representar uma retração média de 11% na produção têxtil. Ao longo do ano batemos à porta do governo, cobramos medidas para conter a entrada de importados, mas até o momento nada ou muito pouco foi feito. O resultado é esse desempenho negativo", disse Roscoe.
Entre outras medidas, os empresários do setor cobram uma proteção eficaz por parte do Executivo federal em relação à concorrência desleal enfrentado pelas empresas do segmento. Para o presidente do Sindimalhas-MG, a competição com produtos da China foi o fator que derrubou as vendas internas em função do preço mais baixo com que as mercadorias do país asiático entram no mercado nacional. "A concorrência com importados é desleal. Enquanto pagamos uma série de tributos na produção, sobre o produto chinês, por exemplo, não incide a mesma carga de imposto. Além disso temos que respeitar uma série de normas, enquanto o importo entra sem qualquer critério", disse.
A indústria têxtil nacional reclama ainda do peso dos encargos com a folha de pagamento que duplicam os gastos das empresas do setor com os funcionários. No país, o setor é responsável por cerca de 1,7 milhão postos de trabalho. "A previsão inicial era de crescimento, ainda que modesto, mas vamos fechar 2011 com retração de em média até 11%. Enquanto isso o varejo deverá crescer em média 4%, impulsionado pelos importados que vem ganhando mais fatia do mercado interno", comparou.
Balança comercial - Minas é o segundo Estado no ranking da indústria têxtil e de confecção do país, que em 2010 faturou US$ 60,5 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Entretanto, a balança comercial do setor, no ano passado, ficou negativa em US$ 3,53 bilhões.
As exportações somaram US$ 1,44 bilhão contra importações de US$ 4,97 bilhões. Os indicadores do setor indicam que a situação vem se agravando, uma vez que em 2009 o saldo da balança comercial da indústria têxtil brasileira ficou negativo em US$ 2,25 bilhões.
Os números da Abit indicam que estas indústrias são responsáveis por 1,7 milhão de empregos no Brasil, dos quais 75% são de mão de obra feminina. Só em Minas o setor gera 200 mil colocações, sendo 30 mil na indústria têxtil propriamente e o restante na confecção.
As fábricas de tecidos são o segundo maior empregador da indústria de transformação no Brasil e também o segundo maior gerador de primeiro empregos. São 30 mil empresas no país, que juntas são responsáveis por 16,4% dos empregos e 5,5% do faturamento da indústria de transformação no Brasil.
No país, a industria têxtil e de confecção sinalizam fechar 2011 com o valor das importações superando em US$ 5 bilhões o das exportações. Esse resultado (o chamado deficit comercial) é 43% maior que o registrado em 2010.
A estimativa é da Abit e considera fios, filamentos, tecidos e peças de vestuário. O deficit para este ano também é mais que o dobro do verificado em 2009, de US$ 2,25 bilhões, embora o ritmo de aumento neste ano seja menor que o de 2010 em relação ao ano anterior (de 55%).
De acordo com a Abit, não é somente a desvalorização do dólar, que favorece as importações, a causa do "quadro grave" que o setor enfrenta. Os juros elevados, os impostos altos e o custo da energia elétrica também pesam sobre produtos nacionais.
Veículo: Diário do Comércio - MG