Em plena safra, atualmente os preços pagos pelo limão no mercado interno estão baixos
A demanda aquecida no mercado europeu e os melhores preços praticados no exterior têm incentivado os produtores de limão de Minas Gerais a investirem na cultura e na certificação da fruta. Segundo os dados da Associação dos Produtores de Limão, Manga e outras Frutas do Jaíba (Aslim), nos próximos dois anos a cultura deverá ocupar uma área de 5 mil hectares, o que representará um aumento de 42% sobre os 3,5 mil hectares atualmente destinados à produção do limão.
De acordo com o presidente da Aslim, Darcy da Silveira Glória, atualmente os preços pagos pelo limão estão baixos, isto devido ao período de safra da fruta. A caixa de 20 quilos do produto é comercializada entre R$ 5 e R$ 6, no mercado interno. Enquanto nas exportações os valores pagos pelo mesmo volume estão variando entre R$ 14 e R$ 16.
"Uma das principais formas de garantir o lucro com a atividade é ampliando a qualidade final do limão, através de investimentos em profissionalização e aplicação de tecnologia no campo, o que é valorizado no mercado interno. Atualmente menos de 50% da produção de limão é destinada ao mercado internacional, isso por não possui qualidade superior. Vale a pena investir uma vez que a demanda por frutas é crescente e as preços remuneradores", disse Silveira Glória.
A profissionalização dos produtores, principalmente em relação à gestão dos negócios, tem sido facilitada pela parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), que tem desenvolvido várias ações na região para capacitar os envolvidos na atividade. Além disso, os investimentos nas boas práticas agrícolas e no uso racional de adubos e fertilizantes têm ajudado os produtores a obterem certificações, o que agrega valor aos produtos.
Mercado - Mesmo com os preços inferiores observado nas últimas semanas, no acumulado do ano a situação do produtor de limão ficou favorável. Segundo os dados da Aslim, a média de preços pagos ao longo deste ano pela caixa de 20 quilos do limão está próxima a R$ 12, o que é suficiente para cobrir os custos de produção e gerar lucro.
No período de entressafra, entre agosto e outubro, o volume de limão chega a ser cotado no mercado interno em torno de R$ 23, o que compensa a desvalorização observada a partir de novembro.
"Hoje a demanda externa pelo produto é firme e crescente. A produção mineira ainda é insuficiente para atender todos os pedidos principalmente os provenientes da Europa. De todo o limão entregue nas centrais da Aslim, apenas 40% atende aos padrões internacionais. Precisamos ampliar essa margem para termos condições de expandir as negociações para outras regiões do mundo".
Segundo Silveira Glória, além do desafio de expandir as negociações internacionais, um dos principais objetivos dos produtores da região é atrair indústrias fabricantes de polpa e sucos para a região, o que reduziria as perdas e a desvalorização do limão no período de safra. Há dois anos os representantes da Aslim vêm negociando com empresas privadas, porém até o momento nenhuma unidade foi implantada na região.
"No Norte de Minas não existem indústrias que processem o limão. Muitas vezes, mesmo com um custo maior, ofertamos o produto para as agroindústrias de São Paulo. Estamos negociando para que sejam instaladas unidades na região. O que é essencial para alavancar a renda e os investimentos em novas ampliações dos pomares", disse.
Mesmo com a falta de opções no período da safra, os produtores mineiros estão apostando na ampliação dos pomares de limão. O Estado é responsável pela produção de aproximadamente 58,2 mil toneladas anuais da fruta.
A expectativa é que a produção neste ano cresça cerca de 10% na região do Jaíba. A cultura ocupa uma área de 3,5 mil hectares, sendo que a produtividade média varia entre 25 toneladas a 30 toneladas por hectare.
Para os próximos anos a expectativa é alcançar um área produtiva de 5 mil hectares. O objetivo é ampliar os embarques. A principal região produtora de limão é o Norte de Minas, onde o clima favorável e a utilização de irrigação permitem que a fruta seja colhida durante todo o ano. A região produz 58% do total colhido em Minas Gerais.
Expectativas - As expectativas em relação a 2012 são positivas e a ideia é divulgar o fruto da região pelos mundo. "No próximo ano, vamos visitar Dubai e a Arábia Saudita, além de participarmos da maior feira de frutas do mundo que é realizada em Berlim. Com isso pretendemos divulgar nosso limão e ampliar nossas vendas externas, mas para que isso se concretize, os fruticultores precisam ter condições de produzir frutas de alta qualidade".
Segundo Silveira Glória, a produção de limão e demais frutas no Norte do Estado poderia ser maior caso as políticas dos governos estadual e federal fossem mais efetivas. Uma das principais reclamações dos produtores é em relação ao escoamento da produção. As péssimas condições das vias de acesso e a falta de asfalto em várias regiões comprometem o transporte, causando prejuízo para os fruticultores.
"Os governos estadual e federal precisam alinhar a política e trabalharem juntos para o desenvolvimento do Jaíba. O que vemos hoje é que há um distanciamento grande entre as partes e a região acaba perdendo com isso", observou Silveira Glória.
Veículo: Diário do Comércio - MG