Mas lojistas estão mais cautelosos.
"Otimismo cauteloso". Essa é a expressão de ordem para os empresários do comércio de Belo Horizonte ante a turbulência no mercado internacional. Apesar da crise financeira externa, os varejistas mantêm o otimismo em relação ao primeiro trimestre de 2012, conforme a Sondagem de Opinião do Lojista, divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
Apesar de 82,1% dos lojistas apostarem que as vendas no primeiro trimestre de 2012 serão melhor que as realizadas no mesmo período deste ano, o número mostra redução de 9,7 pontos percentuais em relação aos 91,8% apurados na sondagem sobre 2011. Os juros em alta, a pesada carga tributária e a elevação da inadimplência são alguns dos fatores que, na visão dos comerciantes, poderão afetar o desempenho das empresas.
Para a chefe do Departamento de Economia da Fecomércio Minas, Silvânia de Araújo, a sondagem mostra um "otimismo cauteloso" do empresariado que, embora confiante em suas atividades, "está com os pés no chão", devido à ameaça da crise financeira mundial. As projeções apontam para inflação acima da meta, de 5,5% segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), crescimento econômico de 3,4% e taxa de juros em 9,5% ao ano.
"A leitura desses dados explica a pequena redução do otimismo dos varejistas, que demonstram mais prudência ao trabalhar com uma pauta mais realista em decorrência, principalmente, ao cenário econômico internacional. Para os empresários do setor, a grande aposta são as medidas de desoneração que vem sendo adotada pelo governo federal", explica a economista.
Conforme ela, outra variável considerada pelos varejistas ao projetar o cenário para o primeiro trimestre de 2012 é a redução no ritmo de vendas após o período natalino, que é sazonal. Além disso, a economista lembra que nos primeiros meses do exercício há uma maior incidência de tributos. "Os lojistas já convivem com um cenário difícil no início do ano e mantêm uma estratégia para enfrentar o período", disse.
Crédito - Para os 82% dos lojistas que apostam no bom desempenho no primeiro trimestre, algumas variáveis deverão afetar positivamente os negócios das empresas. Entre elas a estabilidade monetária e o crédito para investimento, citados por 25,8%, e investimentos governamentais (12,2%). A expectativa de diminuição da taxa de juros, a confiança das pessoas na economia e o aumento do emprego formal estão incluídos nesse pacote de otimismo, citado por 30%.
Entre as ações dos lojistas para atrair os consumidores, 26,9% apostam nas liquidações e saldões. A segunda opção mais citada pelos empresários é o aumento dos prazos de pagamento, citado por 13,3%, e o investimento no treinamento das equipes de funcionários.
Para o ano novo, o foco e a estratégia mais citados foram preços (29,9%) e a qualidade dos itens comercializados (29,6). "Neste ano também mereceram atenção a formação de estoques ágeis e diversificação, a formação de equipe, gestão do capital de giro, o reforço da marca, informação e reforma física e tecnológica dos estabelecimentos", acrescenta Silvânia.
Além disso, 64,3% dos empresários entrevistados estão confiantes nos efeitos positivos do pacote de medidas de estímulo ao comércio interno implementado pelo governo federal (aumento de crédito, redução de imposto e juros).
Pelos dados, 63,6% dos entrevistados já praticam preços diferenciados em função do IPI reduzido. Em relação à expectativa de efetivação dos temporários, 57,2% das empresas disseram que não planejam contratar. Apenas 30% admitiram a possibilidade e outros 12,8% ainda avaliam a possibilidade.
Veículo: Diário do Comércio - MG