Vendas de Natal crescem abaixo do esperado

Leia em 5min 30s

As compras de última hora para o Natal revelaram que o setor de eletrodomésticos teve alta procura e o movimento foi intenso na véspera do dia 25 de dezembro. A maioria das lojas chegou a trabalhar com horário estendido, e entre os presentes mais procurados estavam roupas, brinquedos, perfumes e celulares, afora eletrodomésticos, que em alguns casos tiveram alta de vendas de aproximadamente 10% em relação a igual época de 2010. Por outro lado, foi um período morno de vendas: os estoques baixaram, mas nada de prateleiras vazias nem corrida por novos pedidos à indústria.

Segundo vendedores ouvidos pelo DCI, o bom desempenho da venda de eletros contou com um empurrãozinho do governo federal, com o corte de efeito rápido, em dezembro, do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca: geladeiras, fogões e lavadoras. Com o corte do imposto, os eletrodomésticos são bons atrativos, principalmente como chamariz entre os hipermercados e shopping centers, e impulsionam as vendas de peças de vestuário, calçados e acessórios sobressalentes. Os vendedores afirmam que os valores das promoções ainda não estão definidos para 2012, já que o período que compreende o Natal e o fim de ano é decisivo para a escolha dos produtos.

Item sazonal de forte apelo, os brinquedos também tiveram boa saída. Para a rede Armarinhos Fernando, as vendas do dia 24/12 tiveram crescimento dentro do previsto, sendo que o segmento foi o mais forte e representou quase 40% das vendas. Conforme o gerente-geral da rede, Ondamar Ferreira, o crescimento das vendas, de modo geral, apesar de não ter surpreendido, ficou dentro das expectativas com alta de 3%, ante o ano de 2010.

Para isso, a aposta da loja foi um forte esquema de negociação para que pudesse trabalhar tanto com preços razoáveis quanto com uma maior variedade de produtos. Segundo Ferreira, os estoques baixaram, mas nada que seja significativo e demande novos pedidos à indústria. "O setor fixo de brinquedos vai continuar a operar com o restante dos produtos. Talvez precisemos repor uma mercadoria ou outra, mas o enfoque do início do ano é a volta às aulas, quando as compras de materiais escolares serão mais significativas para nós", explica.


Sazonais

Na área de alimentação o desempenho parece ter sido mais expressivo. Diante da grande procura por panetones e bolos típicos para presentear neste final de ano, o estoque de produtos sazonais chegou ao fim do ano quase zerado para doçarias como, por exemplo, a rede Ofner. A marca registrou um volume físico alto de vendas, dentro do incremento de 8% traçado inicialmente pelos executivos da doçaria.

A intensidade das vendas chegou a livrar os executivos da preocupação de estratégias para queimar as últimas unidades, que correspondem aos produtos de maior peso e, diante disso, um alto valor agregado - panetones de 4 kg. "Sobraram poucos produtos, então não vamos precisar investir em liquidações, já que nos próximos dias o estoque já deve acabar", acredita Laury Roman, diretor-comercial da empresa.

O diretor afirmou que os consumidores foram ávidos às compras, e as vendas de última hora se mantiveram fortes ante as do Natal de 2010 como um todo. Apenas no dia 24, a marca registrou alta de 10% nas vendas frente a mesma data do ano passado. Os executivos, no entanto, atribuem a manutenção das vendas à uma mudança no perfil do público com relação ao início do mês.

"As compras de última hora são normalmente feitas para a família, porque, por exemplo, faltou um panetone para a ceia, já que a procura por presentes já diminui bastante", aponta Laury. É a essa mudança de consumidores que os comerciantes atribuem uma queda leve do tíquete médio das lojas. Para a rede Ofner, o preço dos tíquetes, que sobe de R$ 18 em dias comuns para R$ 60 na alta temporada de vendas no varejo brasileiro, cai para R$ 40 nas vendas de última hora. "São mais consumidores, que compram menos", explica o executivo.


Vestuário

Mesmo com um investimento mais forte estoque, as vendas de última hora do Grupo Avenidas, que trabalha com peças de vestuário e calçados, ficaram abaixo da expectativa de 10% traçada pelos empresários com base no ano anterior. O motivo de o crescimento atingido só 4% mais que o dia 24 de dezembro do ano passado, embora tenha sido o dia em que a loja mais vendeu para esta temporada de Natal, ainda não é conhecido pelos executivos. "Ainda não discuti o caso com o diretor de Vendas ou os diretores locais", declara o presidente da rede, Rodrigo Caseli. "Quando percebemos que, no início de dezembro, as vendas não seriam tão fortes quanto esperávamos, prorrogamos pedidos para janeiro."

O tíquete médio teve alta relativamente pequena neste Natal, em que as vendas cresceram 5% ante 2010. O incremento foi quase R$ 10 sobre os R$ 105 com que trabalham durante o ano. Para o Grupo, a experiência de investir em fortes liquidações após as festas, como as que aconteceram dentro das Lojas Avenidas logo no dia 26 de dezembro do último ano, não será repetida. "Vamos colocar algumas peças em promoção, mas percebemos em janeiro deste ano que nossa margem de lucro ficou muito baixa, embora as vendas tenham sido muito boas. Foi um aprendizado", afirma o executivo.

Proprietário da MM Bordados, instalada no Shopping SP Market, na capital paulista, Fábio Alcântara afirma que a empresa foi cautelosa por causa da crise, mas viu vendas maiores entre os artigos femininos como blusas, camisetas e vestidos. "São boa escolha para presentear, independentemente do período." Com o cenário, o proprietário da MM Bordados diz que para a virada do ano prepara promoções. "As coleções são escolhidas de acordo com a razão entre o tempo e a preferência dos clientes. Em 2012 a situação tende a melhorar."

Ana Paula Souza, gerente da loja especializada em roupas Hering Store discorre sobre o faturamento. "Com a crise, o faturamento, assim como o investimento, foi menor este ano. No estabelecimento, mesmo com 6% a menos de clientes em relação ao Natal passado, o estoque total em 2011 foi reduzido." Sobre a perspectiva de começar o ano com vendas mornas, o foco das promoções para 2012 é unanimidade entre os lojistas. As liquidações e queimas de estoque atingirão os produtos mais procurados. "Aquilo que já vendeu pode vender mais, não está restrito ao Natal", pontua Ana.



Veículo: DCI


Veja também

Garoto quer ser a joia da coroa da Nestlé no Brasil

O português António Diogo, diretor-geral da Garoto, não quer concorrer com o Convento da Penha, fund...

Veja mais
Promoções pós-Natal têm descontos de até 70%

Produtos com até 70% de desconto em lojas físicas e virtuais. Os saldões de Natal em 2011 come&cced...

Veja mais
Planos de expansão de lojas se tornam menos agressivos

As principais varejistas do país começaram a definir os planos de investimento para 2012. Consultadas nos ...

Veja mais
Ipiranga e Raízen disputam segundo lugar

A briga pela vice-liderança em distribuição de combustíveis no Brasil vai acirrar a disputa ...

Veja mais
Prada eleva produção para atender clientes do setor químico

Depois de cerca de quatro anos da aquisição pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a fabricante...

Veja mais
Eletrodomésticos terão novas regras de segurança

Em janeiro, fabricantes, importadores e lojistas não poderão vender eletrodomésticos fora dos requi...

Veja mais
Eletroeletrônico fica mais barato em 2011

Cotação média do dólar inferior à de 2010, apesar da alta recente, e concorrênc...

Veja mais
Investimento

A empresa catarinense Mili, de produtos de higiene e limpeza, investirá R$ 200 milhões em máquinas....

Veja mais
Fim de ano é fermento para lucro de padarias

As festas natalinas e de réveillon trazem às padarias e delicatessens a possibilidade de ampliar as vendas...

Veja mais