Ipiranga e Raízen disputam segundo lugar

Leia em 4min

A briga pela vice-liderança em distribuição de combustíveis no Brasil vai acirrar a disputa entre Ipiranga, do grupo Ultra, e Raízen, joint venture entre a Shell e Cosan. As duas companhias estão fazendo investimentos pesados em 2012 para ganhar mais espaço nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, consideradas com maior potencial de expansão no país.

Dominado pela BR Distribuidora, da Petrobras, com participação nacional de 39%, o mercado de distribuição de combustíveis no Brasil deverá fechar 2011 com 110,3 bilhões de litros comercializados, crescimento de 2,8% sobre 2010, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).

O crescimento desse mercado para o consumo de gasolina e etanol tem forte respaldo no aumento de renda da população, sobretudo da classe C, e na entrada de cerca de 3,5 milhões de veículos novos por ano. As obras de infraestrutura estimulam também a demanda por diesel.

Com investimentos estimados em R$ 775 milhões para 2012, o grupo Ultra, dono da marca Ipiranga, vai focar seus planos de expansão nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, uma vez que o crescimento na região Centro-Sul do país já está consolidado, afirmou Pedro Wongtschowski, presidente da companhia. O grupo tem uma participação nacional de cerca de 21% - enquanto nessas regiões está em 12%. "Temos espaço para crescer", afirmou. A expansão será em conversões de postos de bandeira branca e em aquisições de redes regionais, segundo o executivo.

Seguindo essa mesma rota geográfica e estratégica, a Raízen, que desde o dia 1º de junho está com operações integradas, trabalha a marca Shell no Brasil. "Até o fim de 2013 os postos da Esso [da Cosan] serão convertidos para Shell", disse ao Valor Luiz Henrique Guimarães, vice-presidente comercial da Raízen. A união entre Cosan e Shell, anunciada no início de 2010, fortaleceu o negócio de distribuição das duas companhias em um mercado altamente concentrado e de margens apertadas. Na terceira posição, mas quase encostada na sua concorrente, a companhia está mapeando o país para expandir seus tentáculos na busca pela vice-liderança.

A Raízen está investindo em centros de distribuição e estocagem de combustíveis no Centro-Oeste e também analisa oportunidades de aquisições regionais para ganhar mercado. A empresa não abriu seus investimentos para 2012, mas o Valor apurou que será praticamente da mesma ordem de grandeza de seus concorrentes. A meta da empresa é abrir aproximadamente 300 postos novos no ano que vem - o grupo tem cerca de 4.500 unidades.

A companhia também quer dobrar sua participação na distribuição de etanol no Centro-Oeste nos próximos três anos, principalmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Atualmente, a participação da Raízen nessa região é de cerca de 9%. O Centro-Oeste é considerado estratégico por conta da expansão da oferta de álcool em razão dos investimentos do grupo em usinas. Com a joint venture, a Shell também passou a ser produtora de etanol e açúcar.

Com liderança consolidada, a BR Distribuidora também promete não ficar parada. A companhia tem orçamento de R$ 1,3 bilhão para crescer no país em 2012.

A disputa pelo segundo lugar passou a ficar mais acirrada em 2010, quando a Cosan e Shell decidiram se associar. Com a joint venture, a Raízen ameaçou a vice-liderança da Ipiranga. A compra de uma rede com participação relevante para se consolidar no segundo lugar tornou-se o objeto de desejo das duas concorrentes, embora o discurso de ambas seja por aquisições que agreguem em galonagem e não em quantidade de postos.

As apostas do mercado eram que uma das duas companhias compraria a AleSat, resultado da união em 2006 entre as redes Ale, controlada pela mineira Asamar, e da potiguar Sat. No entanto, como o fundo de private equity Darby , sócio da companhia, está negociando sua saída da holding AleSat, as conversações emperraram, segundo fontes próximas à companhia.

Tanto Ipiranga como Raízen já conversaram com os controladores da AleSat, mas os negócios não evoluíram, segundo apurou o Valor. "Os postos da rede não têm grande galonagem", afirmou uma fonte. O grupo Bunge também foi apontado, recentemente, como um dos possíveis interessados nos ativos da distribuidora. Procurados, Bunge e a AleSat negam negociações.

Marcelo Alecrim, presidente do grupo, afirmou que a empresa investirá R$ 135 milhões em 2012 para abrir cerca de 200 postos. Sobre o fundo americano Darby, Alecrim disse que é o caminho natural a saída de um fundo de private equity do negócio, quando o projeto atinge seu amadurecimento. Segundo o empresário, o grupo não está à venda e não descarta abertura de capital para promover sua expansão. "Já estamos no Nordeste, queremos avançar para o Centro-Sul."


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Promoções pós-Natal têm descontos de até 70%

Produtos com até 70% de desconto em lojas físicas e virtuais. Os saldões de Natal em 2011 come&cced...

Veja mais
Vendas de Natal crescem abaixo do esperado

As compras de última hora para o Natal revelaram que o setor de eletrodomésticos teve alta procura e o mov...

Veja mais
Planos de expansão de lojas se tornam menos agressivos

As principais varejistas do país começaram a definir os planos de investimento para 2012. Consultadas nos ...

Veja mais
Prada eleva produção para atender clientes do setor químico

Depois de cerca de quatro anos da aquisição pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a fabricante...

Veja mais
Eletrodomésticos terão novas regras de segurança

Em janeiro, fabricantes, importadores e lojistas não poderão vender eletrodomésticos fora dos requi...

Veja mais
Eletroeletrônico fica mais barato em 2011

Cotação média do dólar inferior à de 2010, apesar da alta recente, e concorrênc...

Veja mais
Investimento

A empresa catarinense Mili, de produtos de higiene e limpeza, investirá R$ 200 milhões em máquinas....

Veja mais
Fim de ano é fermento para lucro de padarias

As festas natalinas e de réveillon trazem às padarias e delicatessens a possibilidade de ampliar as vendas...

Veja mais
Faturamento da Embaré cresce 14%

Índice estimado para 2011 é inferior à média histórica dos últimos dez anos.A ...

Veja mais