Uma bucha vegetal rende sete produtos para banho
A produção de bucha vegetal em Minas deverá ficar estável na safra 2011/12. A redução dos preços pagos pelo produto e os custos elevados para a manutenção da cultura são os principais fatores que impediram o avanço da produção. Outro empecilho enfrentado pelos produtores é a falta de sementes aprimoradas e estudos específicos para a bucha, o que favorece o desenvolvimento de pragas e doenças, comprometendo a produtividade da planta.
De acordo com o engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), unidade Bonfim, na região Central do Estado, Sidney Lacerda Marcelino do Carmo, a colheita da bucha vegetal começa em fevereiro e deverá render 110 mil dúzias, repetindo os resultados de 2011.
A área ocupada pela cultura na safra 2012 será de 120 hectares, mesmo espaço destinado no período produtivo anterior. A produtividade anual, quando as condições climáticas são favoráveis, pode chegar a 3 mil dúzias mil por hectare. O volume ainda é considerado pequeno e uma das principais demandas do setor é o desenvolvimento de sementes de alta qualidade.
"Infelizmente, nenhuma instituição de ensino ou de pesquisa se interessou em desenvolver estudos para o melhoramento da bucha vegetal. Esta carência impacta diretamente na produtividade e contribui para a proliferação de doenças e pragas", afirma Carmo.
Outro fator que tem freado o avanço do cultivo de bucha é a grande necessidade de mão de obra, o que encarece os custos. Segundo Lacerda, a cultura é sensível às variações climáticas e necessita de cuidados diários. O período de colheita é o que mais demanda mão de obra. O custo de produção de cada unidade gira em torno de R$ 12.
Além dos custos altos para a implantação e manutenção, a concorrência com outros produtos com preços mais valorizados no mercado, como o milho, também contribuiu para que a produção de bucha se mantivesse estável.
"Os produtores de bucha estão cautelosos e preferiram manter a área plantada para evitar novas quedas de preços. Em 2011, a produção na região foi ampliada, o que resultou em oferta maior que a demanda, contribuindo para a redução significativa dos preços do produto", diz Carmo.
Ainda segundo o engenheiro agrônomo, a dúzia de bucha in natura ao longo de 2011 ficou cotada em média a R$ 25, enquanto no período produtivo anterior o mesmo volume era comercializado a R$ 35, o que representa queda de 28,5%.
Uma das principais alternativas adotadas pelos produtores e empresas da região para garantir o lucro com a atividade é investir na industrialização da bucha. De acordo com a empresária Denilda Maria de Oliveira, o ganho com o processamento da bucha in natura é satisfatório. Cada unidade processada é comercializada em torno de R$ 0,80, e com uma bucha in natura é possível fabricar sete.
A produção mineira em 2011 ficou em torno de 110 mil dúzias, ante 70 mil geradas na safra anterior. O crescimento significativo no volume foi proporcionado pelas condições climáticas favoráveis. Em 2010, a produção do Estado registrou queda de 40%, provocada pela forte estiagem.
Demanda - De acordo com Denilda, a demanda pelas buchas industrializadas aumenta cerca de 10% ao ano, o que é fundamental para impulsionar os preços e garantir rentabilidade aos produtores. O principal mercado consumidor do produto mineiro é São Paulo, que responde por quase 70% das vendas.
O principal município produtor em Minas é Bonfim. O desenvolvimento da cultura na região começou em 2006, com a aplicação dos estudos elaborados pela Emater-MG e pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG).
Veículo: Diário do Comércio - MG