Hypermarcas e BTG Pactual não confirmam, mas as cotações da companhia de consumo continuam a reagir às especulações sobre uma possível entrada do banco no bloco de controle da empresa.
As informações de mercado são de que o BTG está fazendo compras de ações da Hypermarcas em bolsa - o banco só é obrigado a divulgar as operações se a fatia superar 5% do capital. Fonte do BTG ouvida pelo Valor admite as aquisições de ações no mercado, mas nega qualquer oferta por fatia na empresa.
As compras feitas por fundos geridos pelo BTG, com a finalidade apenas de investimento, sem interesse no controle, podem ter gerado rumores envolvendo alguma negociação.
O giro financeiro das ações da Hypermarcas voltou a ficar acima da média ontem, em R$ 131 milhões. O papel subiu 2,8%. Os rumores surgiram na sexta-feira, após notícia veiculada no "Estado de S. Paulo" - naquela sessão, a ação girou R$ 188, 8 milhões e avançou 9%. Muitos investidores que sustentavam posição vendida no papel correram para desarmar operações. Ontem, a "Bloomberg" informou que o banco fez oferta de R$ 1 bilhão por ações da companhia - ou cerca de 15% da empresa.
Procurado, o BTG Pactual informou que não comenta rumores de mercado. A Hypermarcas, respondendo a um questionamento da BM&FBovespa, afirmou no domingo "que não tem conhecimento de quaisquer fatos, informações ou eventos, inclusive qualquer manifestação formal de grupo de investidores para ingresso no bloco de controle da companhia". A empresa não concedeu entrevista.
Há informações no mercado ainda dando conta que, além do BTG, a GP Investimentos está se articulando para fazer uma oferta de compra de papéis da empresa. O fundo de investimentos quer voltar ao bloco de controle da Hypermarcas, após se desfazer das ações em 2009. A GP tinha cerca de 7% da empresa na época, num lote avaliado em pouco mais de R$ 500 milhões. O fundo GPCP-4 deixou a companhia juntamente com os acionistas da família Samaja, dona da Farmasa (hoje de propriedade da Hypermarcas). Procurada, a GP também informou que não comenta rumores de mercado.
Na avaliação de pessoas próximas à fabricante de bens de consumo, o baixo preço das ações estaria motivando os investidores a fazer uma oferta de maior peso e, dessa forma, ter uma posição no bloco de controle. No ano passado, as ações da Hypermarcas caíram 62% na bolsa.
Apesar de nem o BTG nem a Hypermarcas confirmarem negociações, o mercado acredita que a associação faz sentido e melhoraria a percepção em relação à gestão da empresa. Nos últimos três trimestres, os resultados da companhia foram fracos, por conta de mudança na política de relacionamento com clientes e de dificuldades de integração das aquisições.
Estão nos quadros do BTG dois executivos de renome no varejo: Claudio Galeazzi, ex - Pão de Açúcar, e Roberto Martins, ex- Lojas Americanas. Ambos têm experiência muito relevante em "turn around", integração e gestão de operações de varejo.
Se um negócio for fechado por meio de uma emissão primária de ações, poderá ajudar, inclusive, na desalavancagem da Hypermarcas, que é uma das fontes de preocupação do mercado e da própria administração.
Se um investidor fechar a compra da fatia de algum dos sócios controladores diretamente, poderia levar o mercado a identificar que eles estão dispostos a abrir mão de participação relevante na empresa a um preço relativamente baixo, levantando questionamentos quanto ao potencial do negócio.
Veículo: Valor Econômico