Embora janeiro seja um mês tipicamente fraco para os supermercados e padarias de Belo Horizonte, em função do grande volume de pessoas que deixam a cidade para aproveitar o período de férias e do maior comprometimento da renda das famílias, com o pagamento de impostos e matrículas escolares, os negócios dos setores se mostraram aquecidos nas primeiras semanas de 2012. De acordo com representantes dos dois setores, o crescimento das vendas em relação ao mesmo período do ano passado já chega a 30%.
Segundo eles, a mudança pode ser explicada por uma série de fatores, entre os quais o alto índice de chuvas, que acaba fazendo com que algumas famílias adiem suas viagens. Além disso, os proprietários dos estabelecimentos explicam que a própria manutenção do crescimento do emprego e da renda da população também está colaborando para o incremento dos negócios.
De acordo com o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, a estimativa inicial é de que a comercialização do setor supermercadista no primeiro mês deste ano cresça em 4% frente ao mesmo período do ano passado. Conforme ele, entre os principais fatores que estão favorecendo as vendas estão a continuidade do aquecimento da economia e o aumento do emprego e renda da população.
"Além de a cidade ficar mais vazia nas primeiras semanas do ano, as compras, a partir de janeiro, voltam a ser mais substanciais, ao contrário das realizadas em dezembro, que incluem produtos festivos de maior valor agregado", explica.
No caso do grupo Super Nosso/Apoio Mineiro, que possui 22 pontos de vendas na Capital e Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tradicionalmente, o nível de comercialização em janeiro cai 15% na comparação com os demais meses do ano. Conforme o diretor da rede, Euler Fuad, isso ocorre em virtude do esvaziamento da cidade neste período.
"Em janeiro, todo o comércio de Belo Horizonte sofre com as férias, pois saem muito mais pessoas da cidade do que chegam. Além disso, grande parte da renda dos consumidores fica comprometida com o pagamento dos impostos típicos do período", diz. Ainda assim, ele destaca que o volume comercializado está 15% maior do que em igual época de 2011.
Fuad ressalta ainda que nas primeiras semanas do ano também é possível observar relativa mudança no perfil dos produtos mais procurados. Segundo ele, itens como protetor solar e fraldas descartáveis registram incremento no volume de vendas, por conta da sazonalidade. "As pessoas acabam comprando em maior quantidade para levar para viagem", completa.
Padarias - O cenário de aumento das vendas em relação ao ano passado, em um mês tradicionalmente fraco, também tem sido observado nas padarias de Belo Horizonte. No caso da Padaria e Confeitaria Graciliano, com três lojas na região Centro-Sul da Capital, o incremento já chega a 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o proprietário, Rodrigo Paiva, o alto índice de chuvas pode ser considerado como principal indutor do crescimento.
"Com o mau tempo, muitas pessoas desistiram de viajar e acabaram ficando na Capital, mantendo o consumo dos itens básicos da alimentação. Não sei se esse cenário vai se estender até o fim do mês, mas nas duas primeiras semanas foi muito positivo para as vendas", diz.
Segundo ele, a retração dos níveis de comercialização ao longo de janeiro é mais evidente nos finais de semana, quando a queda na movimentação e nas vendas chega a 40% em relação aos demais períodos do ano. Já nos dias úteis, Paiva afirma que retração não passa dos 20%. Ele atribui esta diferença à localização das lojas, que estão situadas em bairros e ruas comerciais.
Já o sócio-proprietário da Boníssima Padaria e Delikatessen, com duas unidades na Capital, José Batista de Oliveira, afirma que na comparação com as duas primeiras semanas do ano passado, as vendas na rede aumentaram em 7%, o que deve fazer, inclusive, com que a disparidade entre os níveis de comercialização com os outros meses diminua. "Geralmente, as vendas do primeiro mês do ano são 20% menores do que as registradas nos demais meses", afirma.
Ainda conforme Batista, neste período, as pessoas compram mais os produtos de primeira necessidade, como alimentos da cesta básica e bebidas tradicionais, o que faz com que a margem de lucro também caia, já que estes produtos são mais baratos do que os chamados especiais.
Veículo: Diário do Comércio - MG