A venda de calçados no varejo deve crescer 5% em valores financeiros em 2012, em relação ao ano anterior, segundo o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados (Ablac), Carlos Ajita. A estimativa é de avanço menor do que o registrado em 2011, quando o incremento foi de 7% em valores e de 5% em produtos.
Enquanto isso, as importações subiram 40% em valor, no ano passado, atingindo US$ 427 milhões, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A entidade não faz projeções para 2012, mas se mostra preocupada com o avanço das compras. Ao mesmo tempo, as exportações diminuíram 12,8% em receita, chegando a US$ 1,2 bilhão. "Tivemos uma queda de produção pouco superior a 10%, mas o consumo continua crescendo", afirmou o presidente da entidade, Milton Cardoso.
O setor fechou 7,8 mil postos de trabalho de janeiro a novembro do ano passado, redução de 2,1% em relação a igual período de 2010. Os dados não incluem a grande demissão da Azaleia na Bahia, feita em dezembro. "Mas a produção caiu mais que o emprego, o que indica que as fábricas estão prontas para retomar a produção, caso haja demanda", avalia Cardoso. Segundo ele, 2012 tem tudo para ser um bom ano para o setor, caso as medidas para defesa comercial com relação aos importados sejam efetivamente implementadas.
A entidade poderá pedir a extensão da tarifa antidumping de US$ 13, 85, aplicada hoje ao calçados chineses, também para importados do Vietnã e da Indonésia. Os países tiveram aumento nas importações de 43% e 51% em valores, respectivamente. "Nós pediremos a extensão, caso se comprove a prática de triangulação nesses países", diz, lembrando que está em andamento um processo de investigação sobre o tema no Departamento de Defesa Comercial do Ministério de Desenvolvimento (Decom/MDIC),
Quanto à migração de tradicionais exportadores para América Central (como Schmidt Irmãos e Aniger para a Nicarágua e Paquetá, e Doublexx para a República Dominicana), Cardoso afirma que o Plano Brasil Maior deve levar a um recuo da tendência. Mas a valorização do real ainda será um problema. "Um câmbio a R$ 2,15 seria interessante para recuperação."
Cardoso, que também é presidente da Vulcabras/Azaleia (que fechou 7 fábricas no país em 2011), afirmou que a companhia pode exportar da Índia para o Brasil, a partir de uma nova planta naquele país. "O objetivo é atuar no mercado indiano, mas pode haver exportação."
Veículo: DCI