A falta de chuvas na região Sul do país, principalmente no Rio Grande do Sul, e o excesso delas em Minas Gerais estão levando os laticínios brasileiros a reajustar os preços do leite longa vida no atacado, o que também deve chegar ao varejo, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV). O aumento por parte das indústrias é gradual e a expectativa é de que alcance 10% até o fim deste mês, afirma Laércio Barbosa, presidente da ABLV.
A razão para a alta, diz, é que os problemas climáticos afetam regiões responsáveis por quase 60% da produção nacional de leite, estimada em 30,7 bilhões de litros. Minas Gerais é o maior produtor nacional de leite e Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná também são importantes bacias leiteiras.
Segundo a ABLV, os problemas afetam a captação de leite, frustrando a expectativa da indústria de uma maior disponibilidade de matéria-prima, o que é normal para esta época do ano.
Barbosa explica que a seca chegou mais cedo no Rio Grande do Sul, afetando a produção de leite. Já em Minas, há problemas logísticos e de produtividade. "O leite demora a chegar [nas fábricas] e quando chega, tem problemas de qualidade". Além da dificuldade de transportar a matéria-prima, a produtividade do rebanho também está sendo afetada em regiões de Minas por causa das chuvas.
Atualmente, o preço do longa vida no atacado está entre R$ 1,50 e R$ 1,70 o litro, dependendo da região do país, segundo o presidente da ABLV. No varejo nacional, varia de R$ 1,70 a R$ 2,00.
Laércio Barbosa afirma que os problemas climáticos impediram a queda dos preços do leite ao produtor. Com isso, em Minas, por exemplo, os laticínios estão pagando, em média, R$ 0,85 pelo litro da matéria-prima aos produtores. No mesmo período de 2011, o preço era 15% inferior, diz. "Não caiu o que deveria ter caído".
Em dezembro passado, o preço médio pago as produtores de leite (pela matéria-prima entregue em novembro) ficou em R$ 0,8458 por litro na média nacional, segundo levantamento Cepea/Esalq. Para Barbosa, a próxima pesquisa já deve mostrar o novo cenário.
Ele acredita que os efeitos das chuvas em Minas Gerais na oferta de leite são pontuais, mas no Sul a situação "é mais grave". "A seca no Sul compromete a colheita de soja e milho que são usados na silagem que alimenta o gado", observa. Se o quadro persistir, afirma, a produção leiteira pode ficar comprometida no período de safra no Sul, a partir de maio. (AAR)
Veículo: Valor Econômico