As chuvas são comuns nesta época do ano para a região Sudeste, mas estão potencializadas pelo fenômeno La Niña, com águas resfriadas no Oceano Pacífico. De acordo com as previsões para a região, elas devem continuar intensas até o fim de janeiro, mês que ainda mistura, por aqui, o calor típico da estação com um certo friozinho, causado por temperaturas mais baixas no Oceano Atlântico. No restante do verão, no entanto, o Sudeste deverá ter menos oscilação da temperatura e diminuição da intensidade das chuvas, de acordo com o meteorologista do 7º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcelo Schineider.
Para o mundo dos negócios, o domínio de variáveis como estas é tão importante como a previsão do tempo para quem vai passar um fim de semana na praia.
Aos lojistas de moda, por exemplo, atualmente envolvidos com a venda da coleção verão – mas prestes a efetuar as encomendas do inverno – se recomenda acompanhar os desdobramentos da previsão climática para o período frio de 2012. A estação tende a ser mais quente que a sua equivalente do ano passado, o mesmo valendo para o verão 2012/1013. Segundo Schineider, devido ao arrefecimento do fenômeno La Niña.
Os prognósticos climáticos de longo prazo estão sujeitos a mudanças pontuais, mas fornecem indicadores gerais preciosos, embora não utilizados massivamente pelos empresários do comércio. As previsões permitem vislumbrar o comportamento da atmosfera no momento do estudo (com efeitos pontuais dos ventos, por exemplo) e no futuro (La Niña em declínio, com tendência de inverno mais quente), à semelhança do que acontece com os indicadores econômicos, compara o meteorologista do INMET.
O cenário de longo prazo está sujeito às alterações pontuais, mas os fenômenos de grande impacto não se formam de um dia para o outro, justifica Schineider. É necessário, também como acontece na economia, atualizar os prognósticos de longo prazo. O INMET, uma instituição pública, oferece gratuitamente previsões do tempo e climáticas – como são denominadas as de longo prazo.
Mercado – A despeito da pouca utilização desse tipo de serviço pelas empresas, a demanda crescente abre espaço aos negócios do ramo, analisa o meteorologista da brasileira Climatempo, Alexandre Nascimento. A empresas, com 23 anos de mercado, atualmente está integrada à holding homônima, controladora também de um portal na internet e um canal de TV na Sky.
Nascimento comenta que há outras empresas privadas no mercado e novas estão surgindo. De olho, certamente, no potencial desse tipo de consultoria, com preços que variam de R$ 1 mil a R$ 1 milhão, conforme a demanda. Há projetos simples – como pesquisa de praia com sol para produtor que fotografará top model – e os complexos, com duração anual e variados formatos de assessoria. Alguns, contemplam consultas diárias ao meteorologista; outros, como já aconteceu no setor farmacêutico, demandam cruzamento de relatório antigos de vendas com as variáveis meteorológicas da época, para descobrir em quais condições (por região do País) se vende mais um determinado medicamento.
O Climatempo tem cerca de 1,5 mil clientes de grande porte (setores agrícola, de construção civil, energia e farmacêutico são alguns). No comércio, atende diferentes segmentos. Há calçadistas, por exemplo, interessados em saber se o inverno será chuvoso, para dimensionar o comércio de botas. De uma maneira geral, o agronegócio é o cliente mais comum.
A predominância do agronegócio também se repete no INMET, onde o universo corporativo representa cerca de 20% dos aproximados 800 cadastros do site, detalha Schineider. Ali, o usuário cadastrado – empresários ou cidadão comum – pode optar pelo recebimento gratuito de boletins por e-mail, com a previsão do tempo para um período imediato, e também consultar, no portal, as "previsões numéricas", com seus "meteogramas" contendo prognóstico para cinco dias. Essas previsões, explica Schineider, são geradas automaticamente por computadores. "Por isso é importante a pessoa tirar dúvidas com o meteorologista", sugere. Os profissionais do instituto se dispõem a esse trabalho. Além do agronegócio, donos de restaurantes, de sorveterias, defesa civil e empresários do turismo estão entre os que mais se utilizam do serviço.
Veículo: Diário do Comércio - SP