Para fortalecer as vendas através de um posicionamento de marca que atraia o perfil de público desejado, empresas de montagem e design passam a trabalhar com cenografia nos pontos comerciais. A estratégia, a começar pelas vitrines, pode representar até 70% do interesse de compra dos consumidores, segundo estimativa das agências afiliadas à Associação de Marketing Promocional (Ampro). De olho na procura por potencialização das vendas, empresas como a M.Checon, que já desenvolveu o apelo visual de grandes lojas, como a primeira operação da Chanel em São Paulo, enfocam os negócios no marketing cenográfico. O interesse é também das varejistas, que passam a apostar em novidades para chamar a atenção do consumidor, como faz a ótica Chilli Beans.
Atuante no mercado há sete anos, a empresa M.Checon trabalha com o desenvolvimento de marketing cenográfico para lojas. O trabalho começa com uma análise do perfil do cliente até a montagem da estrutura visual da loja. Para desenvolver os projetos, os executivos trabalham também em parceria com agências de publicidade, que representam 90% dos clientes.
Para atender contas como as das marcas Schutz, Arezzo, Chanel, Samsung e Pantene, esta última ligada a uma agência de publicidade, a empresa possui 760 funcionários e oferece serviço de construção, mão de obra e estrutura, como serralheria e vidraçaria, em um galpão de 16 mil m². "Conseguimos oferecer o trabalho de ponta a ponta, sem precisar do trabalho de terceiros", afirma Marcelo Checon, idealizador da empresa, que teve início com a montagem de estandes em feiras.
A importância desse trabalho, segundo Gilberto Strunck, sócio da agência Dia Comunicação, especializada em branding e pontos de venda, é atrair os clientes através de um contexto no qual os produtos são inseridos. "Um chapéu em uma vitrine tem um apelo diferente do mesmo chapéu em um manequim. A cenografia inspira o público a entender a utilização das peças e ficar inclinado a consumir. Isso faz as vendas acontecerem em volume maior."
Com a procura, a M.Checon registrou em 2011 um faturamento na ordem de R$ 30 milhões e acredita que ainda pode potencializar os negócios com a abertura de uma filial no Rio de Janeiro, que demandou R$ 400 mil em investimentos. "Queremos fechar 2012 com crescimento de 15%. Já temos clientes potenciais no Rio, e é lá que as coisas vão acontecer nos próximos anos", lembra o executivo, que já se prepara para garantir sua fatia de mercado nos grandes eventos que o Brasil deverá sediar nos próximos anos.
Eventos
Experiência para isso a empresa já tem. Nos últimos três anos, a M.Checon trabalhou com a cenografia de festivais como o Planeta Terra e o Rock In Rio. "Fizemos 80% da Cidade do Rock", garante Checon. "Os grandes eventos dão o maior retorno, na verdade. Em 2012 perdemos um cliente forte, já que não vai ter o festival." O executivo aponta, no entanto, que o ano deve começar bem. Um dos motivos é a Fórmula Indy, para a qual a empresa trabalha já há dois anos.
Outra empresa de olho na demanda de eventos é a Montagee Inteligência Cenográfica, que já trabalhou com a Formula 1 no Brasil e levou os trabalhos para Nova York com a conta da Embratur. Para isso, a empresa também firma parcerias com agências de marketing. "Os varejistas procuram as agências, que fecham o contrato para que possamos trabalhar com a cenografia", declara o presidente Marthyn Decker.
Entre os clientes da Montagee estão marcas como O Boticário, com o desenvolvimento de espaços de beleza, Ruffles, com a casa de praia da marca no Guarujá, Eletrolux, com pontos de vendas, e a Nestlé, para quem já trabalhou em 5 quiosques de venda, sendo 4 em faculdades.
E não são apenas as empresas de marketing que apostam nos festivais para alavancar os negócios. Varejistas também aproveitam a oportunidade de estabelecer contato direto com o público jovem para experimentar novas estratégias de apelo de marca para os pontos comerciais. É o caso da ótica Chilli Beans, que, através do Rock In Rio deste ano de 2011, ganhou o prêmio de Melhor Loja Inovação pelo Retail Design Institute, que premia os principais projetos mundiais de design de loja.
O prêmio, nomeado 41st Annual International Store Awards Show e concedido recentemente em Nova York, atribui também à marca o segundo lugar no quesito melhor loja pop up (temporária). A recompensa veio depois dos sete dias de festival, nos quais o executivo Caito Maia, fundador da ótica, colocou em teste um espelho digital, que foi testado por 457 pessoas. O software, desenvolvido exclusivamente para a varejista pela empresa eWave do Brasil e processado por equipamento com tecnologia IBM, permite que os consumidores tirem fotos com os óculos da loja.
Segundo os executivos, a possibilidade deve facilitar a escolha na hora da compra. Além disso, a ferramenta permite também que as fotos sejam enviadas para endereços de e-mail e publicadas em diversas redes sociais. Strunck apoia a iniciativa. "O contato com a marca e o produto foi e tônica da feira [National Retail Federation (NRF)]. A Chilli Beans mostrou que sabe usar a tecnologia a favor da marca", declara.
Com isso, a rede deve ampliar também as estratégias de marketing, com o que os produtos alcançam maior divulgação. Agora, os empresários garantem que a novidade chegará a todas as 400 lojas da rede ainda este ano, inclusive nas unidades fora do Brasil, localizadas em cidades de Portugal, Estados Unidos, Angola e Colômbia.
Outra iniciativa brasileira no ramo de vestuário a ser reconhecida pela NRF é a C&A, cuja loja conceito no Shopping Iguatemi (SP) foi eleita como a detentora do melhor design de 2011 na categoria de loja internacional. Inaugurado em 2010 e com arquitetura desenvolvida pela consultoria norte-americana Chute-Gerdeman, o ponto de venda também buscou na tecnologia uma nova oportunidade de experiência para os consumidores ao abrigar o maior painel indoor (dentro do estabelecimento) de LED da América Latina.
Veículo: DCI