Grão colhido em Carmo de Minas, na Serra da Mantiqueira, obteve 91,656 pontos de júri internacional.
O melhor café natural (colhido e seco com a casca) da safra 2011 do Brasil foi produzido na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais. Trata-se do lote do produtor Luiz Flávio Pereira de Castro, proprietário do Sítio Colinas, em Carmo de Minas, no Sul do Estado, que obteve 91,656 pontos (em uma escala de 0 a 100) no primeiro Cup of Excellence - Natural Late Harvest.
Das 38 amostras classificadas para a fase internacional, 19 mantiveram notas superiores a 85 pontos e se consagraram como vencedoras do concurso. Para a realização do Natural Late Harvest, a organização elevou a nota de corte na fase internacional, com o objetivo de comprovar a qualidade dos cafés naturais brasileiros.
O concurso inédito, destinado aos cafés naturais, foi realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE).
A diretora-executiva da BSCA, Vanusia Nogueira, destaca o reflexo que os investimentos em qualidade e, especialmente, na certificação de cafés vem trazendo aos produtores. "Dos 19 vencedores, 14 são da Serra da Mantiqueira de Minas Gerais. Além disso, temos que destacar o trabalho do governo mineiro em prol dos cafés do Estado, haja vista que nove lotes são certificados pelo programa Certifica Minas Café", enumera. Os demais vencedores são oriundos da região do Vale da Grama, em São Paulo (dois lotes), e do Sul (dois lotes) e do Cerrado (um lote) de Minas Gerais.
"Os certames do Cup of Excellence em todo o mundo consideravam como cafés especiais os que obtêm nota superior a 84 pontos na escala de zero a 100 pontos do concurso. A partir do Natural Late Harvest, essa nota foi elevada para 85 pontos e nossos cafés corresponderam à expectativa, com 19 amostras vencedoras, explica Silvio Leite, juiz principal do certame.
Segundo o presidente da BSCA, Luiz Paulo Dias Pereira Filho, a realização de um concurso destinado exclusivamente a cafés naturais no país era um antigo sonho da entidade. "Os cafés naturais, que são colhidos e secos com a casca, proporcionando doçura acentuada e maior sensação de corpo à bebida, representam entre 85% e 90% da produção nacional", explica. "Era vital tomarmos uma iniciativa para difundir, em nível global, a excelente qualidade desses grãos. Com a realização desse concurso, pudemos mostrar aos compradores de todo o mundo que nossos cafés naturais são especiais e podem agradar a todos os paladares", completa.
O júri internacional do Cup of Excellence - Natural Late Harvest foi constituído por degustadores e classificadores das principais empresas compradoras de café do mundo, originários da Europa, América do Norte, Ásia e Oceania.
Leilão - No dia 14 de março, o Brasil volta a ser o centro das atenções dos principais compradores de cafés especiais de todo o mundo. Na ocasião, os 19 lotes vencedores do Natural Late Harvest serão ofertados, através da internet, no leilão Cup of Excellence. "Muitos compradores internacionais já focam o mercado de cafés naturais do Brasil, como os asiáticos, o que nos leva a crer em acirrada disputa e bons preços a serem pagos", projeta Pereira Filho.
O primeiro concurso de qualidade para cafés naturais do Brasil contou com o apoio institucional da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), do Centro de Excelência do Café do Sul de Minas (CEC - Sul de Minas), do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), do Conselho Nacional do Café (CNC) e da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha (Minasul), que também patrocinou o evento. A auditoria ficou a cargo da IMO Control do Brasil.
A etapa de pré-seleção e a fase nacional do concurso foram realizadas no CEC - Sul de Minas, em Machado. Já a fase internacional ocorreu na Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha, com o anúncio dos vencedores e a cerimônia de premiação sendo realizados no Lagamar Resort Hotel, também em Varginha, no Sul de Minas.
Funcafé - As liberações do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para financiamentos de estocagem e custeio somaram R$ 57 milhões em janeiro. Para estocagem, foram liberados mais R$ 10 milhões, totalizando R$ 466 milhões autorizados desde junho do ano passado. As operações para esta linha foram encerradas ontem. Já para o custeio, foram destinados R$ 47 milhões e totalizam, desde outubro, R$ 468 milhões.
O valor consolidado dos recursos do Funcafé alcançou R$ 1,79 bilhão. Os R$ 130 milhões restantes deverão ser disponibilizados aos agentes financeiros até 31 de julho, apenas para financiamento de custeio.
De acordo com Manual de Crédito Rural, os itens financiáveis do custeio da safra de café abrangem os tratos culturais e colheita das lavouras, despesas com aquisição de insumos, mão de obra, operações com máquinas e equipamentos, arruação e transporte para o terreiro e secagem. As despesas relacionadas à colheita de café integram o financiamento de custeio desde julho de 2011, pela resolução do Banco Central nº 3.995.
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) repassa os recursos do Funcafé aos agentes financeiros de acordo com as regras do Conselho Monetário Nacional (CMN). São 22 instituições financeiras que integram o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), contratadas em 2011 para esta finalidade.
Veículo: Diário do Comércio - MG