Diante da falta de definições sobre o tamanho da safra no Brasil e em outros países produtores de açúcar, tais como Índia e Tailândia, os futuros da commodity vêm andando de lado em 2012. Segundo levantamento do Valor Data, neste ano a commodity acumula leve queda de 0,22%, já considerando o fechamento de ontem, quando o contrato para maio encerrou valendo 22,90 centavos de dólar por libra-peso, retração de 17 pontos.
Na comparação com as cotações registradas em igual momento do ano passado, o resultado é um preço muito menor. Em 2 de fevereiro de 2011, o contrato 11 em Nova York batia níveis acima de 30 centavos, mais especificamente 32,76 centavos de dólar por libra-peso, 39% maior. Mesmo no mercado interno brasileiro os preços já estão 20% menores. O indicador Cepea/Esalq para o cristal teve leve alta de 0,03% ontem a R$ 61,33 a saca de 50 quilos.
Em relatório divulgado ontem, a consultoria inglesa Czarnikow previu que os preços do açúcar em muitos mercados locais tendem a ser mais baixos em 2012 do que no ano passado. A volta do superávit global da commodity está no centro dessa premissa.
A própria Czarnikow reconhece que neste momento é difícil prever com exatidão qual será o aumento de produção da commodity nos países produtores. Mas aposta que esse incremento virá do Centro-Sul do Brasil, da Tailândia, da União Europeia, da Rússia e da Índia.
De qualquer forma, as incertezas na economia mundial seguem deixando a visão desse mercado ainda mais turva. O aperto das condições de crédito, segundo a Czarnikow, já estão impactando o acesso de produtores aos instrumentos de hedge e também devem tornar mais difíceis as captações para a atividade operacional, especialmente no começo da safra.
"Nós acreditamos que as indústrias vão ficar sob pressão para gerar caixa no começo do ciclo. Com isso, é fácil antever que haverá competição para mover a produção da nova safra".
Quem deve se beneficiar desse cenário de preços mais baixos são os consumidores, acredita a consultoria. "Esses compradores tendem a se beneficiar da baixa dos preços mundiais do açúcar por meio de uma vantajosa paridade de importação, que vai voltar a dar espaço para queda também dos preços domésticos", afirma a Czarnikow em seu relatório.
O Barclays Capital também divulgou análise na qual antevê que a volatilidade no mercado de açúcar continuará em 2012, no entanto, com menor risco de alta do que no ano anterior, o que traz condições ainda mais favoráveis para o lado comprador. O banco de investimento antevê ainda que a produção global de açúcar no ciclo 2011/12 vai crescer 4,2%, diante de uma maior produção na Europa, na Austrália, Índia e Tailândia.
Veículo: Valor Econômico