Indústrias, consumidor final e tecnologia garantem bons preços e alta rentabilidade.
A produção de maracujá no Triângulo e Alto Paranaíba está gerando lucro para os produtores. Além da comercialização direta com as indústrias instaladas na região, a demanda pelo produto no mercado voltado para o consumidor final também está aquecida. A estimativa em relação à produção é de manutenção do volume, uma vez que a procura está equilibrada com a oferta, o que garante a rentabilidade com a fruta.
De acordo com o engenheiro agrônomo especializado em melhoramento genético do maracujá, José Rafael da Silva, a alta rentabilidade proporcionada pela fruta na região se deve aos investimentos no plantio de cultivares de alta tecnologia, o que gera frutos de qualidade superior, podendo ser aproveitados nas indústrias e no mercado in natura.
Um dos principais fatores que impulsionaram os negócios na região foi o projeto desenvolvido pela Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba), detentora das marcas Maguary e Dafruta, com fábrica em Araguari, no Triângulo, que devido à necessidade de adquirir maracujá para ampliar a produção criou projetos voltados para o desenvolvimento genético do maracujá e para estimular o aumento da produção na região.
Segundo Silva, devido ao projeto, hoje cerca de 50 municípios do Triângulo, Alto Paranaíba e Sudeste goiano são referência na produção da fruta. Além do desenvolvimento genético, os produtores da região também têm acesso a assistência técnica.
"O projeto voltado para a pesquisa do maracujá, aliado à assistência, estimulou a ampliação da produção e da qualidade dos frutos gerados. Além disso, existe na região um controle do volume de maracujá, o que é essencial para garantir o lucro na hora da comercialização", diz Silva.
Segundo os dados do pesquisador, o preço do quilo do maracujá, voltado para a indústria, varia entre R$ 0,75 e R$ 0,85, dependendo da qualidade da fruta. A comercialização direta com os consumidores é mais lucrativa, com preços que variam entre R$ 0,85 a R$ 1,50.
Tanto as vendas voltadas para a indústria como para o mercado final são lucrativas. Os custos de produção de um quilo variam entre R$ 0,45 e R$ 0,60, dependendo da tecnologia aplicada.
"O que percebemos na região é que os produtores que investem na aplicação de tecnologias e nos tratos culturais têm custo maior, porém estes investimentos são compensados pelo aumento da produtividade, pela qualidade superior e pelos preços mais valorizados no mercado", analisa Silva.
Polinização - O município de Araguari é o maior produtor de maracujá de Minas Gerais. A produção média anual gira em torno de 2,88 mil toneladas. A cultura é desenvolvida em 120 hectares, com produtividade elevada variando entre 24 toneladas e 35 toneladas, dependendo do pacote tecnológico utilizado.
Este ano, devido às chuvas constantes, a produção deverá ficar cerca de 10% inferior à gerada no início de 2011, devido a problemas com a polinização. Porém, a recuperação da produtividade é esperada para o segundo trimestre.
O mercado favorável também é vivenciado pelo produtor Tarcisio Daniel da Silva, de Carmo do Paranaíba, no Alto Paranaíba. Atualmente a produção é comercializada com a indústria por R$ 0,80 o quilo. O custo de produção gira em torno de R$ 0,60.
"A instalação de agroindústrias na região contribuiu para agregar valor ao maracujá e garantir a lucratividade. Com os preços rentáveis, os investimentos na aquisição de mudas de alta qualidade foram estimulados, o que resultou em uma produção final de maior qualidade e preços mais valorizados", diz ele.
Veículo: Diário do Comércio - MG