Multinacionais reclamam de custo elevado no Brasil

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As multinacionais americanas DuPont e Cargill se dizem entusiasmadas com as perspectivas de negócios no Brasil, mas reclamam dos custos cada vez mais altos no país.

Paul Conway, vice-presidente da Cargill, disse que a companhia tem intenção de continuar se expandindo no país, como ocorreu no ano passado com duas aquisições, mas admitiu que em certo momento os custos "poderão se tornar uma questão", declarou.

"Estamos entusiasmados com o Brasil mesmo tendo alguns desafios'', afirmou. Ele exemplificou que a empresa paga o dobro por um bom engenheiro no país em relação aos Estados Unidos. "O lado positivo é que isso reflete o sucesso do Brasil e mais renda interna também nos beneficia com mais negócios'', afirmou.

Outra questão é o impacto da valorização do real sobre as exportações. "Seria ideal se o real fosse 2,50 por dólar, mas por outro lado, operar em um mercado com moeda forte também trás bons lucros", comentou. Logo depois, ele deixou claro que não estava falando em taxa de câmbio ideal, ao mencionar R$ 2,50 por dólar, até porque "a Cargill acredita que o mercado geralmente reflete a realidade". E o grupo entende que "o real continuará a ser uma moeda forte".

Além disso, os problemas de infraestrutura continuam pesando nas operações agrícolas. Conway exemplificou que um agricultor brasileiro do Centro-Oeste do país gasta o dobro em relação ao americano para exportar, o que significa que vai ganhar menos por seu produto.

"O Brasil está caro e ficando ainda mais caro", disse Jim Borel, vice-presidente da DuPont. Mas sua apreensão com o custo na agricultura é em termos globais, "e com o preço do petróleo e o impacto sobre o custo dos fertilizantes", comentou. Outra preocupação "é com a volatilidade dos preços causada, entre outras razões, pelos baixos estoques de cereais insuficientes para absorver choques. "Uma ligeira mudança causa uma forte volatilidade e isso não é bom para ninguém'', afirmou.

Apesar de econômico nos comentários sobre o Brasil, Borel confirmou que o plano de investimento de US$ 10 bilhões em pesquisa e desenvolvimento de alimentos até 2020 inclui países como China, Índia, Brasil e Polônia. Até porque o grupo faz muita pesquisa local na busca de variedades específicas para cada mercado. E pela sua diversidade, o Brasil é considerado excelente para isso. "A ciência é global, mas as soluções devem ser locais", afirmou o executivo.

Sobre as perspectivas globais dos mercados agrícolas, os dois executivos parecem otimistas. "Será um bom ano para os mercados de commodities", disse Conway, da Cargill. Ele acredita que a era de queda de preços em termos reais provavelmente acabou.

Por sua vez, Borel notou que a demanda global cresce a taxas mais rápidas do que a oferta estimulando os agricultores a investir. E destacou duas tendências: a crescente presença da China na importação de grãos, devendo aumentar ainda mais as compras no exterior na medida em que sua população melhora de renda, e o problema de nutrição, exemplificando o caso da Indonésia, onde o tema não é só segurança alimentar mas também a obesidade e diabete.

O vice-presidente da DuPont conclamou líderes empresariais, governos e organizações não governamentais a se comprometerem com um novo tipo de colaboração para alcançar a segurança alimentar global, notando que as consequências da fome e da má nutrição são tão devastadoras que ninguém tem todas as respostas.

Andréa Illy, presidente da illycaffe, rasgou elogios ao Brasil - "um campeão" - e previu que logo o país vai superar os EUA também como o maior consumidor do produto. Para este ano, ele acha que o alto preço do café pode declinar ligeiramente. A Illy enxerga boas perspectivas também para o café na China, mas em algo restrito a 200 milhões de consumidores nas grandes cidades.



Veículo: Valor Econômico


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