Verão mais ameno deve trazer venda menor de inseticida

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O verão este ano será mais ameno, de acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), com máximas entre 26°C e 28°C. Em 2007 esse patamar variou entre 24°C e 32°C. Bom para quem não gosta de muito calor e também para quem tem pavor de insetos, uma vez que altas temperaturas ajudam na procriação desses bichos. Para a indústria de inseticidas, entretanto, essa notícia não é muito bem vinda, já que com menos ameaças, o consumidor gasta menos com aerossóis e protetores elétricos. Mas, sabendo dessas previsões, os fabricantes se preparam para ganhar mercado de outra maneira: fazendo lançamentos e promoções.  Marisa Cauduro/Valor

 

A estimativa do mercado como um todo é crescer até 5% na temporada, que vai de outubro a março. No ano passado, nesse período, a alta foi de 13%. Segundo dados da Nielsen, como, até agora, 2008 foi menos quente que 2007, as vendas caíram (de janeiro a outubro) 20% em volume e 13% em valor. Daí a reação da indústria em fazer promoções. 

 


A Reckitt Benckiser, por exemplo, está, por meio da marca SBP, investindo R$ 19 milhões numa promoção com mais de 50 mil prêmios. "A estratégia milionária tem como objetivo conquistar e 'fidelizar' os clientes, porque agora, ao contrário do que ocorreu no início da década, há mais concorrentes no mercado", diz Patricia Macedo, gerente de produtos para pestes da Reckitt Benckiser. 

 

O setor, em 2003, basicamente se resumia a dois grandes fabricantes: a Reckitt e a Ceras Johnson. Naquele ano, a Reckitt comprou a Clorox, dona da marca Rodox, e a Ceras Johnson, a marca Baygon, da Bayer (que deixou o segmento). Havia apenas uma ou outra fabricante nacional, como a Sulquímica, no Rio Grande do Sul. Entretanto, em 2006, a Hypermarcas, que não atuava na área, comprou a produtora gaúcha e nacionalizou a marca Mat Inset. Em julho do ano passado, a Bombril lançou o Fort. 

 

As regionais sumiram, mas o mercado que era controlado por duas companhias, agora está nas mãos de quatro. Mesmo assim, as duas mais antigas (Reckitt e Ceras Johnson) dominam quase 80% das vendas. A Reckitt, por exemplo, com o SBP, Detefon e Mortein, tem quase 40% do mercado. 

 

Apesar de concentrado, o setor é bem disputado e lançamentos ocorrem aos montes em cada temporada. A Hypermarcas, por exemplo, está apostando neste verão em um inseticida spray que mata não só o mosquito transmissor da dengue, mas também a sua larva. "O consumidor pode, por exemplo, usar o inseticida em vasos e pratinhos de plantas", diz Claudio Berbagmo, presidente da companhia. 

 

A Bombril aposta em outros bichos. "Lançamos o Fort nas versões mata-pulgas e ácaros", diz Ricardo Sampaio, gerente de marketing corporativo da empresa. O fato é, que, além de lançar novos produtos, todo ano as empresas precisam reformular boa parte de seus itens já que comprovadamente os insetos ficam a cada estação mais resistentes. 

 

Além desse fator, outro ponto explica tanta novidade: a indústria tem muito para crescer no mercado nacional, uma vez que somente metade dos lares brasileiros é consumidora freqüente dos mata-baratas e afins. "Os protetores elétricos, por sua vez, têm presença três vezes menor", diz Ana Paula Alfredo, gerente de inseticidas da Ceras Johnson. A empresa aposta neste verão em um novo difusor elétrico, na tentativa de conquistar o público mais preocupado com segurança (evitaria envenenamento de bichos de estimação, por exemplo) e praticidade. "Esse segmento cresceu 15% na última temporada", acrescenta ela. 

 

Como não haverá tanto calor, os fabricantes também apostam em outro fator que ajuda - e muito - nas vendas: a informação. "Quanto mais informação o consumidor tem, mais ele compra. Isso explica porque o consumo não cai em momentos de crise", diz Patricia, da Reckitt Benckiser. Por isso a empresa está colocando na internet um site chamado "vocesabia.com.br", no qual um personagem chamado "Dr. Inseto" responderá perguntas do consumidor. Um time de biólogos e outros especialistas formularão as respostas. "Ninguém gosta de insetos. Nem eu. Quanto mais estudo esse mercado, mais quero distância desses bichos", afirma a executiva. 


Veículo: Valor Econômico - 14/11/2008


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