Joselice Ribeiro de Alencar e Mário Malta de Alencar, de 29 e 32 anos, respectivamente, passaram os nove anos de casados lavando roupa no "tanquinho" (máquina semi-automática). Na sexta-feira estavam dispostos a investir em uma máquina "de verdade". "A gente vai comprar parcelado, em 10 vezes", disseram eles, diante de um modelo da Electrolux na megastore do Ponto Frio, em São Paulo.
Operária de uma fábrica de cintas automotivas, Joselice vai usar os 13º salários dela e do marido, um operador gráfico, para a tão aguardada aquisição, mas não deve ir além disso nesse Natal. "Vamos acabar de pagar em janeiro o quarto das crianças (as filhas de dois e oito anos), e não quero ter muitas contas ao mesmo tempo", diz ela, que mora em casa própria na Vila Penteado, zona norte da capital.
Com a filha bebê nos braços, a professora Lílian Carvalho, 28 anos, também buscava a lavadora da Electrolux para presentear o irmão, recém-casado. Mas já aproveitava a viagem para levar uma torradeira para casa. "A minha quebrou", conta Lílian, que faz a maior parte das compras pela internet. Ela só foi à loja na sexta-feira porque o site do Ponto Frio não marca data específica para a entrega, apenas define um espaço de tempo, como "até 15 dias". "Meu irmão não pode ficar esperando o presente todo dia na casa dele".
Para a Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, as lavadoras foram o "pão quente" do ano, ao lado dos microondas. "Lançamos uma linha mais acessível, a Consul Floral, na faixa de R$ 700", diz Cláudia Sender, gerente geral de marketing da Whirlpool. Segundo ela, há muito espaço para as lavadoras, que estão só em 35% dos lares no país. Já nos itens consolidados, como fogões e geladeiras, a aposta foi o lançamento da linha Consul em inox - material que, até pouco tempo atrás, era usado somente em modelos top de linha.
Nessa categoria, a Electrolux ganhou a preferência da empresária Ana Paula Ducceschy, de 31 anos, dona de uma loja de decorações, Ela, na sexta-feira, apreciava o design de um fogão em inox da Electrolux. "Já tenho a geladeira e o microondas neste material", disse ela, que visitava a megastore do Ponto Frio com o marido e a cunhada.
Na semana anterior, Ana Paula já tinha decidido a compra do eletrodoméstico, mas desistiu por conta de um notebook. "Para ela, que cozinha pouco, fogão não é prioridade", brinca a cunhada Luzia. Embora o impulso para compras seja igual ao da maioria dos brasileiros nessa época do ano, Ana Paula não é adepta de financiamentos. "Pago tudo à vista para conseguir desconto e não me endividar".
Veículo: Valor Econômico