Presidente também barateia água mineral às vésperas de primária em que oposição escolherá seu candidato
Anúncio de medidas impediu que canais continuassem exibindo atos de campanha dos principais opositores
A poucas horas das inéditas primárias da oposição que amanhã escolherão seu adversário nas eleições de outubro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, lançou mão de uma medida de apelo popular: na TV, em cadeia nacional, determinou a redução dos preços de uma marca de desodorante e de uma marca de água mineral.
Os produtos fazem parte de uma lista de 19 itens, a maioria de higiene e limpeza, que deverão ter novos preços "justos" a partir de março.
"Desfruto... a gente desfruta fazendo justiça. Dou graças a Deus que eu possa fazer algo de justiça neste mundo", discursou o presidente.
A rede nacional de rádio e TV para transmitir o anúncio impediu que o canal crítico do governo Globovisión e outras emissoras de rádio seguissem exibindo atos de campanha dos principais pré-candidatos da oposição -o governador de Miranda, Henrique Capriles, 39, e Pablo Pérez, 42, que governa o petroleiro Estado de Zulia.
Segundo o presidente, a garrafa de cinco litros de água mineral Minalba, produzida pela Coca-Cola, custará 12,45 bolívares fortes (US$ 2,89), redução de 46%. Já o desodorante roll-on Mum, da Procter & Gamble, sofreu redução de 24% e será vendido a 13,5 bolívares fortes (US$ 3,14).
As reduções ocorrem em cumprimento da "lei dos custos e preços justos", em vigor desde novembro, pela qual o governo pretende eliminar margens de lucro "excessivas" e frear a inflação, uma das mais altas do mundo.
A alta de preços nos últimos 12 meses alcançou 26% em janeiro e afeta especialmente a base eleitoral de Chávez, os mais pobres.
A nova norma -a mais ampla ferramenta de controle de preços lançada por Chávez desde que chegou ao poder, em 1999- é criticada por empresários, que preveem desabastecimento de produtos.
Segundo o cálculo político predominante no governo, é possível segurar os efeitos positivos iniciais de tabelamentos do gênero até as eleições.
Veículo: Folha de S.Paulo