Momento é de negociar safra passada

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A tendência para os próximos meses é de mercado acomodado com os preços do café mais estáveis


A queda na cotação do café, observada em dezembro e janeiro, fez com que os produtores reduzissem o nível de comercialização antecipada do produto. De acordo com o levantamento da consultoria Safras & Mercados, o ritmo de venda está bem abaixo do observado em igual período da safra passada. Os preços do grão, ao longo de janeiro, permaneceram abaixo dos R$ 500, variando entre R$ 469 e R$ 480.

Em Minas Gerais, até 31 de janeiro, já haviam sido negociadas 18,85 milhões de sacas de 60 quilos de café, volume que corresponde a 78% da safra prevista, em dezembro o índice era de 74%. Em janeiro de 2011, as vendas antecipadas já comprometiam 84% da produção estimada. O Estado deverá colher cerca de 24,2 milhões de sacas de café na safra 2011/12.

De acordo com o economista e analista da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach, a baixa na cotação do café frustrou os produtores que acreditavam em nova valorização do grão em janeiro, principalmente devido ao período de entressafra e os estoques mundiais relativamente baixos.

"Em janeiro houve uma frustração diante da queda dos preços. O recuo, em um momento em que era esperada alta na saca de café, fez com que os produtores reduzissem o ritmo de vendas à espera de preços mais valorizados. A movimentação foi favorecida pela maior capitalização dos cafeicultores que, ao longo de 2011, conseguiram comercializar a produção a cotações lucrativas", disse.

No país, segundo os dados da consultoria, a comercialização antecipada fechou janeiro com 79% da safra total negociada. Com isso, já foram comercializadas pelos produtores brasileiros 37,92 milhões de sacas de 60 quilos de café, tomando-se por base a projeção de Safras & Mercado, de uma safra 2011/12 de brasileira de 47,7 milhões de sacas.

Assim como em Minas, no período, o volume comercialização no país ficou abaixo do verificado em igual intervalo do ano passado, quando 81% da safra 2010/11 já havia sido negociada. Em janeiro as vendas abrangeram 79% da safra, a negociação evoluiu apenas 3 pontos percentuais frente a dezembro, que fechou com vendas de 76% da safra.


Demanda - Em parte, a queda de preços, segundo Barabach, está atrelada à redução da demanda, principalmente internacional. A crise financeira e as perspectivas ainda negativas sobre a economia mundial em 2012 impactaram nos volumes negociados com o exterior, mesmo diante aos estoques baixos do produto.

"Os principais países demandadores do café brasileiro estão na Europa, Japão e Estados Unidos, exatamente as localidades que vem enfrentando problemas relacionados à economia e que podem reduzir a aquisição do produto. Além disso, a demanda tende a ser menor com o encerramento do período de inverno nesses países", disse.

O momento, segundo o analista, ainda é favorável para os produtores que, mesmo com o recuo os preços, ainda continuam vendendo o produto à cotações acima do custo de produção. Na terça-feira passada, os preços da saca de 60 quilos de café oscilaram entre R$ 445 e R$ 450. O custo de produção do mesmo volume varia entre R$ 200 e R$ 300 dependendo do aparato tecnológico utilizado e dos tratos culturais.

Para os cafeicultores que ainda não comercializaram antecipadamente a safra, o momento é positivo para a retomada das negociações. A movimentação é considerada importante para reduzir o risco de perdas maiores com o início da colheita da safra, previsto para final de março.

"Acredito que a retomada das negociações antecipadas deverá acontecer ainda este mês. Mesmo com os estoques baixos, a demanda e os preços recuaram. Por isso, negociar parte da safra é interessante e evita que os produtores, com o início da colheita e o aumento dos custos principalmente com a mão de obra, tenha que vender a preços mais baixos para se capitalizar. O momento é favorável para as vendas, porém não é hora de afobação e somente uma parte da safra deve ser comprometida, deixando uma reserva para uma possível retomada dos preços", disse Barabach.

A tendência para os próximos meses é de mercado acomodado com os preços do café mais estáveis, porém em patamares ainda lucrativos. "As oportunidades, principalmente para os cafés de melhor qualidade, vão continuar surgindo, mas talvez com menos ânimo que no ano passado", disse.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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