Depois da folia, dias melhores para o comércio

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Pesquisa indica que no Carnaval paulistano recuo médio nas vendas chega a 25%.

 

Há quem diga que o ano no Brasil só começa depois do Carnaval. Neste caso, 2012 parece um ano exemplar. O mês de março deve exibir um desempenho excepcional para o comércio em comparação com dados de 2011, graças, entre outros motivos, ao efeito calendário. Mas será em maio e junho que o impacto benéfico de medidas econômicas adotadas no ano passado deverão ser sentidas de fato em todo o comércio.


 
O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Emilio Alfieri, acredita que somente no quinto e sexto meses deste ano é que aparecerão os efeitos benéficos das quedas da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central e da flexibilização das medidas de contenção do consumo editadas pelo governo. A redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) de alguns produtos tem prazo até março e o comércio, comenta o economista, ainda poderá se beneficiar dessa redução para formar estoque para o Dia das Mães.


 
O economista explica que os primeiros dados da movimentação do varejo paulistano em 2012, divulgados pela ACSP, ainda não permitem apontar tendências para o ano. O que já se espera é que a partir de março o efeito calendário dará, aos indicadores de venda, a impressão de que o setor vive um momento de retomada do crescimento. Para essa impressão, pesa a base de comparação anual, já que o Carnaval de 2011 aconteceu no mês de março (período de vendas reduzidas). Pelo mesmo efeito, o balanço mensal deste fevereiro tende a sugerir recuo acentuado de vendas, na comparação com igual período de 2011.


 
"O ritmo da conjuntura econômica só será possível avaliar no fim do primeiro trimestre", afirma Alfieri.
Carnaval – Levantamento feito pelo economista da ACSP, com base em amostra de dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), administrado pela Boa Vista Serviços (BVS), mostra que o Carnaval traz, ao comércio da Capital paulista, uma retração média de vendas na faixa de 20% a 25%.
 


Para chegar a esses percentuais, ele comparou indicadores de venda (a prazo e à vista) da semana do Carnaval com os de semana normal do mesmo mês e ano, para analisar sob o mesmo ritmo da economia. "O estudo é exclusivo para a Capital. Aqui, o Carnaval é negativo para o comércio, diferentemente de outras cidades, como Rio de Janeiro, Salvador ou litoral paulista", diz Alfieri.
 


Em 2010, exemplifica, o recuo médio do movimento de vendas do comércio paulistano, na semana de Carnaval, foi de 25,6% (24,9% negativos nas transações a prazo e 26,3% negativos nas aquisições à vista). No ano passado, a média ficou em negativos 22,5% (menos 27,5% a prazo e 17,4% à vista).
 


Feriados – Os feriados prolongados, de uma maneira geral, são mais danosos à indústria do que ao comércio. "No varejo, o que causa impacto é o nível de emprego e a renda, e não o feriado. O consumidor que precisa de um produto, antecipa-se ao feriado, ou posterga a compra, mas leva o produto", justifica Alfieri. Na indústria, a reposição da produção pressupõe pagar horas extras.
 


A favor do desempenho do comércio em 2012 também poderá pesar o efeito do ano eleitoral. "Os anos eleitorais sempre são benéficos", comenta o economista, especialmente nos pleitos presidenciais, que acontecem alguns meses após a realização da Copa do Mundo. Em anos com esse perfil, acrescenta o economista, o clima de euforia é favorável, alimentado pelos discursos do governo e da oposição. "Os índices de confiança do consumidor sobem muito", afirma.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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