Aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras tem impulsionado a demanda pelos produtos da cadeia.
O aumento do poder de compra das famílias brasileiras tem impulsionado a demanda por produtos lácteos no país e incentivado a ampliação da produção de leite. De acordo com os dados da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Associação Leite Brasil), para este ano é esperado um crescimento de 4% no volume de leite produzido no país. Minas Gerais, que possui a maior bacia leiteira, deverá acompanhar esse ritmo.
Segundo o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, o aumento da renda das famílias vem ampliando a demanda por produtos lácteos, principalmente os de maior valor agregado como queijos e iogurtes. Mesmo com a expansão da demanda, o setor encerrou o ano passado com uma produção total próxima a 31 bilhões de litros de leite, o que representou um pequeno avanço de 1% sobre o volume gerado em 2010. A produção de leite em Minas encerrou 2011 próxima a 7,8 bilhões de litros.
Para este ano, a produção brasileira deverá alcançar 32,3 bilhões de litros, representando um crescimento de 4%. O incremento pequeno em 2011, segundo Rubez, se deve à alta observada nos custos de produção ao longo do ano, o que desestimulou os pecuaristas a investirem na ampliação da produção. "Acreditamos que com o aumento da safra brasileira de grãos os custos deverão ficar menores que os observados em 2011, o que irá contribuir para a rentabilidade do setor e para a expansão da produção. Minas Gerais, por ser a maior bacia leiteira e referência na gestão dos negócios, deverá seguir o mesmo ritmo de crescimento estimado para o país", avalia Rubez.
Desafios - Ainda de acordo com o presidente da Leite Brasil, um dos principais desafios do pecuarista para este ano é no controle dos custos de produção, seja ele realizado através da melhoria na gestão ou na aplicação de tecnologia, além da melhoria genética do rebanho. "Diante do custo elevado, os pecuaristas devem investir na gestão dos negócios para utilizar os recursos da melhor maneira e evitar perdas financeiras", disse.
Os grandes vilões para o encarecimento dos custos na pecuária leiteira no ano passado foram os componentes da ração, principalmente milho, soja e caroço de algodão; polpa cítrica; mão de obra, que além de mais cara está escassa; transporte e energia.
De acordo com Rubez, o consumo de leite no país estimado para este ano é de aproximadamente 170 litros por habitante, o que se alcançado significará um aumento próximo a 2% em relação a 2011, porém ainda o volume ainda está abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde, que é de 200 litros per capita por ano. "A tendência é que o consumo de leite, queijos, iogurtes e demais produtos da cadeia láctea continuem em ascensão impulsionados pelo aumento da renda e da população", ressalta.
Os preços pagos aos produtores tiveram recuperação significativa em 2011, com incremento de 17%. Apesar da elevação, o ganho foi reduzido pelo aumento nos custos de produção, que ficaram cerca de 20% maiores no período. "O pecuarista passou, no ano passado, por períodos desfavoráveis. A manutenção da atividade foi promovida pelo complemento de renda que veio da venda de matrizes e bezerros, principalmente. Se o produtor tivesse se concentrado apenas na comercialização do leite estaria acumulando prejuízos significativos", enfatiza Rubez.
Triangulação - Outro grande desafio para este ano é em relação ao controle do ingresso de produtos lácteos, principalmente leite em pó, no mercado brasileiro, através das negociações com o Uruguai. A suspeita dos representantes da cadeia produtiva do leite é que o país está praticando a triangulação.
Segundo Rubez, existe a suspeita que os uruguaios estão adquirindo leite da União Europeia, onde a produção é subsidiada, e enviando o produto a custos inferiores ao Brasil. Além do Uruguai, as exportações argentinas de queijo também estão impactando negativamente a produção brasileira.
"A produção Uruguai de leite está próxima à de São Paulo, que hoje ocupa a sexta posição entre os estados produtores no país, e o volume do produto enviado pelo país vizinho ao Brasil quase supera essa marca. Vamos pleitear ao governo federal que investigue essa suspeita e, caso seja comprovada a triangulação, que se estabeleçam medidas que venham proteger o mercado brasileiro", disse Rubez.
Veículo: Diário do Comércio - MG