Casino e Galeries Lafayette vão à guerra pelo Monoprix

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A reunião de hoje, em Paris, do conselho de administração do Casino, sócio do Grupo Pão de Açúcar, será bem tensa. O encontro deveria se limitar à aprovação dos resultados anuais, que serão divulgados amanhã, mas vai se tornar o campo de batalha entre os presidentes Jean-Charles Naouri, do Casino, e Philippe Houzé, do grupo Galeries Lafayette, na guerra pelo controle - atualmente compartilhado - da filial Monoprix, rede francesa de supermercados de bairro.

Recentemente, a Galeries Lafayette propôs vender ao sócio sua fatia de 50% no capital do Monoprix por € 1,95 bilhão. Logo depois, baixou o valor para € 1,35 bilhão, o que representa quase o dobro dos € 700 milhões oferecidos pelo Casino.

Em razão da diferença de valores, a Galeries Lafayette decidiu passar de vendedora a compradora. Na quarta-feira, o grupo da famosa loja de departamentos reiterou a oferta feita em 10 de fevereiro de adquirir os 50% do Casino no Monoprix por € 1,35 bilhão, a mesma quantia que gostaria de receber caso vendesse sua parte ao sócio. O cálculo é simples: se o Casino estima que sua parte no Monoprix vale € 700 milhões, Naouri não teria motivos para recusar uma proposta tão vantajosa.

"Nós estamos dispostos a comprar a participação do Casino no Monoprix. Naouri me assegurou que a oferta será estudada na reunião do conselho de administração na segunda-feira [hoje]", declarou o presidente da Galeries Lafayette e também do Monoprix em entrevista ao jornal "Le Figaro", no sábado. "Temos os meios para financiar essa oferta", afirmou Houzé.

O comentário soou como um toque de guerra na sede do Casino, em Paris. A proposta foi recusada antes mesmo da reunião. "O Casino nunca esteve e não está vendendo sua participação de 50% no Monoprix, que é um ativo estratégico importante para o grupo na França", disse ao Valor uma pessoa ligada à empresa, acrescentando que apenas o conflito entre os sócios será abordado na reunião. Essa fonte afirma que o Casino continua interessado na compra dos 50% da Galeries Lafayette no Monoprix, "mas por um preço justo, baseado em projeções financeiras realistas e que levem em conta a atual conjuntura econômica".

Segundo a fonte ligada ao Casino, o sócio estaria superestimando o valor da filial "com base em perspectivas bastante otimistas". Ela afirma que as vendas de artigos têxteis do Monoprix enfrentam problemas e que a rede não conseguiu se posicionar no comércio on-line, diferentemente dos concorrentes. Além disso, o mercado francês, maduro, não oferece as mesmas taxas de crescimento que o Casino registra na América do Sul e na Ásia, diz essa pessoa.

Houzé, por sua vez, acusa abertamente o Casino de querer "destruir o Monoprix" para pagar um preço bem mais baixo pelo controle da rede de supermercados de bairro mais sofisticada da França. "Nosso grupo não pode aceitar sair dessa forma de uma empresa que ele fundou e dirige há 80 anos", diz o executivo, que já entrou na Justiça contra o Casino e, na semana passada, impediu Naouri de assumir a presidência do Monoprix a partir de 31 de março, como previsto em acordos.

A guerra foi declarada. "A atitude do Casino reforça a ideia de que é impossível ter uma relação duradoura com um parceiro com o qual o conflito é total", diz Houzé.

Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, também deve participar da reunião do Casino. Agora, ele não será mais o único sócio com quem Naouri travou batalhas.



Veículo: Valor Econômico


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