A cartada do presidente da Galeries Lafayette, Philippe Houzé, não deu certo. O conselho de administração do Casino rejeitou ontem, como previsto, a proposta do sócio de comprar por € 1,35 bilhão a participação de 50% do Casino na filial Monoprix, co-controlada pelos dois grupos franceses.
A proposta foi rejeitada por todos os membros do conselho de administração do Casino, com exceção de Houzé, que não votou por motivo de conflito de interesses. Abilio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar, não participou da reunião ontem em Paris.
O Valor apurou que o empresário brasileiro decidiu não participar da reunião de ontem para não provocar maiores ruídos na relação entre ele e Naouri, visto que teria de se posicionar sobre a proposta de Houzé.
Inicialmente, a Galeries Lafayette propôs vender sua parte no Monoprix ao Casino. O último valor solicitado para a venda é justamente € 1,35 bilhão. Mas Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, só está disposto a pagar € 700 milhões.
Por isso, Houzé mudou de tática e apresentou a proposta, aparentemente irrecusável, de comprar a parte do sócio por € 1,35 bilhão, ou seja, quase o dobro do que o Casino estima valer os 50% do capital do Monoprix.
Não deu certo. O Casino nem pensa em vender sua parte. "O Monoprix é um ativo central da estratégia do Casino na França e o grupo não tem nenhuma intenção de cedê-lo", diz o comunicado divulgado ontem, em Paris. O Monoprix, voltado para uma clientela de maior poder aquisitivo, é também a rede de supermercados que apresenta os melhores resultados de vendas do grupo no país.
O Casino reiterou ontem que continua disposto a comprar a participação da Galeries Lafayette no Monoprix, mas por um "preço justo". Segundo o grupo, o valor proposto "é muito alto e está em defasagem em relação ao das empresas europeias do setor do varejo de alimentos".
Nos cálculos do Casino, o preço de € 1,35 bilhão pedido pela Galeries Lafayette representa 9,1 vezes o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) de 2011.
O grupo de Naouri acrescenta que no caso das principais empresas do setor cotadas em bolsa como Carrefour, Casino, Tesco e Ahold, o valor médio de referência seria 5,7 vezes o Ebitda.
O Casino propôs € 700 milhões, mas como em qualquer negociação, poderia ampliar um pouco a oferta e chegar a cerca de € 800 milhões, disse uma fonte ligada ao grupo ao Valor. Por coincidência, o grupo já anunciou neste mês que espera obter entre € 800 milhões e € 900 milhões com a venda de parte de sua filial imobiliária Mercialys.
O Casino já se prepara para enfrentar uma longa batalha judicial contra a Galeries Lafayette pelo controle do Monoprix. "Não temos pressa para adquirir o controle", diz uma fonte do Casino. (Colaborou Adriana Mattos, de São
Veículo: Valor Econômico