Embalagem plástica lidera sobre papel e vidro

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A polêmica das sacolas plásticas não deve alterar mais a trajetória da indústria de embalagem, que deve crescer 1,6% em 2012, pouco acima da alta de 1,5% de 2011. No ano passado, no entanto, houve uma queda de 2,67% na produção de plásticos - segmento que representa 38% da produção, movimentando R$ 16 bilhões. O recuo conjuntural, porém, não refreia a evolução do produto nos últimos 26 anos, quando os plásticos cresceram 9,47% em participação no total da produção enquanto papel teve queda de 8,27% e as embalagens metálicas, de 5,49%. "Papel e vidro provavelmente perderão espaço para embalagens plásticas, o que se explica por custo, comodidade e mudanças nos hábitos de consumo", diz o coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, que coordena o levantamento feito para a Associação Brasileira de Embalagens.



Setor pode crescer 1,6% em 2012, com receita de R$ 46 bi



A produção da indústria de embalagem deverá crescer 1,6% em 2012, avanço semelhante ao registrado no ano passado, quando o setor obteve incremento na produção de 1,5%. É o que mostra projeção realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a pedido da Associação Brasileira de Embalagens (Abre).



O ano de 2011 foi marcado por queda de 2,67% na produção de plásticos, segmento que representa a maior parcela da produção em valor, movimentando R$ 16 bilhões, ou 38% dos R$ 42,1 bilhões que representam o valor bruto da produção realizada no ano passado - seguido por papelão ondulado (17%) e embalagens metálicas (16%).



Para o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Salomão Quadros, isto se explica em parte pelas importações no setor de plásticos, que somaram US$ 447 milhões, ou 54% do valor das importações de embalagens no ano passado. "A maior causa foi a redução na demanda", afirma. "Este segmento é largamente dependente do setor de alimentos, que em 2011 registrou queda na produção física de 0,19%."



A queda conjuntural, porém, não expressa a evolução do setor nos últimos 26 anos. Desde que a FGV começou a realizar o levantamento, em 1985, os plásticos cresceram 9,47% em participação no valor da produção. O segundo maior crescimento é do papelão ondulado, que avançou 12% no período. Por outro lado, o papel teve queda de 8,27% e as embalagens metálicas perderam 5,49% de participação.



"Papel e vidro provavelmente perderam espaço para embalagens plásticas, o que se explica por custo, comodidade e mudanças nos hábitos de consumo", diz. Segundo Quadros, quando a FGV começou esse trabalho, não existia lata de alumínio, mas mesmo com a introdução desse material, os metálicos caíram, "o que dá dimensão do tamanho das perdas em latas de ferro e aço."



O aumento da participação dos plásticos, de acordo com o economista, é característico de sociedades que passam por aumento do consumo. "Pode haver variações ano a ano, mas na sua trajetória, o plástico ocupou determinados nichos que hoje pertencem a ele e isso não deve mudar no curto prazo", afirma.



Perspectivas



A receita líquida de vendas em 2012 deverá atingir R$ 46 bilhões, numa alta de 5% sobre os R$ 43,7 bilhões gerados em 2011. Já o nível de emprego deve apresentar expansão moderada, de 3%, aproximando-se de 230 mil empregos com carteira assinada, ante 223 mil postos de trabalho registrados ao fim do ano passado.



"Esperamos uma recuperação do setor ao longo do ano, mas não será surpresa se houver uma pequena queda na produção no primeiro trimestre", diz Quadros.



Para o economista, isso se explica por uma instabilidade no índice de confiança do consumidor, também calculado pela entidade, que sugere que não haverá aumento substancial da demanda neste início de ano.



A insegurança do consumidor final se reflete na percepção do setor, medida pela Sondagem da Indústria de Embalagem, que mostra um aprofundamento na percepção de queda da demanda, registrando 29 pontos percentuais negativos, ante 17 pontos negativos em julho de 2011. O nível de estoques mostra recuperação, mas segue negativo em 16 pontos percentuais. Já a utilização da capacidade instalada estava em 82,5% em janeiro, considerado baixa, mas justificada pela busca por ajuste de estoques.



"O cenário deve mudar de figura no segundo semestre, em resposta às medidas de estímulo à economia tomadas pelo governo, que já estarão maduras - como a redução dos juros, a facilitação do crédito e incentivos fiscais aos setores industriais ", acredita Quadros. "A economia reagirá e, com ela, o setor de embalagem", diz.




Veículo: DCI


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