Teka reestrutura operação para sair do prejuízo

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A Teka, em parceria com a consultoria KPMG, conclui neste mês um plano de negócios para os próximos cinco anos que altera boa parte da sua estrutura comercial e financeira.

Do lado comercial, dentre as mudanças previstas estão não só a inauguração de uma loja-piloto entrando no varejo, mas também a implantação de canais de venda tradicionais conhecidos do mercado, mas pouco explorados pelo setor têxtil: vendas porta a porta e televendas. Na parte financeira, a empresa trabalha com uma operação de subscrição de ações com um fundo, de forma que esse adquirirá participação minoritária, ajudando-a, em contrapartida, com recursos para capital de giro.

"Estamos numa fase em que deve haver uma mudança na companhia de forma estrutural. Se não houver essa alteração, vamos continuar a mesma coisa, gerando prejuízos", disse Marcello Stewers, vice-presidente da Teka.

A intenção é trabalhar com vários tipos de canais de venda. Com o porta a porta, ela passa a usar uma estratégia antiga do setor de cosméticos. O executivo não revela a área geográfica em que atuará nem o número de vendedores, mas diz que as vendas começam em abril. "Será um diferencial porque o mercado inteiro está indo para lojas. Eu penso em vários canais de venda. Muita gente saiu na frente e colocou loja, mas esse é o caminho? Ainda não sei", explica Stewers sobre a diversificação.

No segundo semestre, de todo modo, a Teka planeja inaugurar uma loja no Shopping Park Europeu, que fica próximo à sua fábrica, em Blumenau. A loja será um teste, com o intuito de, por enquanto, viver a experiência de atender o consumidor final.

A nova estratégia de venda porta a porta e a loja-piloto ocorrerão juntamente com um reforço do televendas ativo, que foi implantado pela empresa em 2006, mas de forma tímida. Hoje, são apenas 22 pessoas nesta área e o projeto da empresa é chegar a 170 atendentes em cinco anos.

As transformações na área comercial acontecem no mesmo momento em que a empresa vem reformulando parte de suas operações financeiras. Em novembro, assinou um acordo com o fundo Global Emerging Market, que no Brasil usa o nome Ekika. O fundo vai subscrever ações que são hoje do acionista controlador, a família Kuenhrich. A empresa poderá fazer diversas chamadas de aumento de capital no valor total de até R$ 110 milhões. As chamadas poderão ser parceladas em diferentes valores, conforme definição do controlador, e serão privadas, ou seja, voltada para os atuais acionistas da Teka. A empresa tem um prazo de até 3 anos para tomar esses recursos.

Na prática, isso significa que o fundo compra as ações e pode ficar com as ações na carteira ou repassá-las para o mercado. O que está estabelecido em contrato é que sua fatia será minoritária nos negócios e que não manterá fatia expressiva na empresa.

A primeira chamada de capital, comunicada ao mercado no dia 7 de março, deve ser avaliada pelo Conselho de Administração em 4 de abril e envolve R$ 11,8 milhões. A Ekika pagará por ação o equivalente a 89,5% do preço médio dos papéis entre 8 e 28 de março.

A operação com o fundo visa a redução do custo do dinheiro para a Teka e a compra de insumos mais barata, pagando à vista ou antecipado e com dinheiro, fugindo dos spreads em operações a prazo.

O executivo não estima em quanto poderá será reduzido o custo de dinheiro para a Teka. Para financiar suas operações do dia a dia, a empresa hoje usa capital de giro, desconto de duplicatas, Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC), Adiantamento de Contrato de Exportação (ACE), financiamento com garantias de maquinário, entre outros. "Mas o dinheiro mais barato do mundo hoje é ações. E é para esse canal que estou indo", explica Stewers.

A reestruturação financeira também envolve a contratação do Bradesco como formador de mercado para dar liquidez aos papéis depois que forem lançados em decorrência do aumento de capital. O Bradesco vai comprar e vender ações em limites e preços determinados pela Bovespa. O intuito é assim dar visibilidade às ações.

As mudanças na Teka ocorrem depois de um 2011 difícil para o setor de cama, mesa e banho. No ano passado, o segmento sentiu os impactos negativos do preço do algodão, que triplicou de valor.

A empresa ainda não divulgou o resultado de 2011. De janeiro a setembro, teve um prejuízo de R$ 155,8 milhões. Na mira da Teka está ter condições para ingressar no Novo Mercado, na Bovespa, que exige regras de liquidez e governança. "É um plano, mas não há uma data para isso", diz Stewers.


Veículo: Valor Econômico


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