Brasil, segundo maior mercado em volume para a multinacional suíça, teve, no entanto, aumento de receita em 2011
Companhia planeja investir R$ 500 milhões no Brasil neste ano; ovo de páscoa Kit Kat é um dos lançamentos

 

O forte aumento no preço das commodities, principalmente do açúcar, interferiu na rentabilidade da Nestlé no Brasil, segundo maior mercado em volume para a multinacional suíça.

Embora as receitas tenham crescido no ano passado, alcançando R$ 20,5 bilhões, o lucro ficou abaixo do registrado no ano anterior.

"Este ano vai ser desafiador, com commodities em patamar elevado, mas não esperamos um novo grande aumento de preços", disse à Folha o vice-presidente da Nestlé para a região das Américas, Chris Johnson, que veio ao Brasil para desenvolver estratégias a fim de aumentar a rentabilidade local.

Em sua quarta visita ao Brasil desde que assumiu o posto, em janeiro de 2011, Johnson se disse impressionado com a força da marca no país. "A confiança é muito forte e alcançamos 99% de presença de mercado." Até 2010, 98% dos lares brasileiros já tinham adquirido algum produto da marca.

A fabricante suíça, que planeja crescer 5% globalmente, prevê investimentos de R$ 500 milhões no país neste ano. E aposta em inovações, novos produtos e cortes de custo para aumentar a rentabilidade.

"Não há uma estratégia única, depende do nível de competição em cada segmento. Em alguns casos você tem de repassar os preços, em outros, reduzir custos de forma mais agressiva", diz Johnson.

Entre as novidades em produto com valor adicional Johnson cita um caldo de carne concentrado líquido (em garrafa plástica) da linha Maggi. Outra aposta da companhia para este ano é o ovo de páscoa Kit Kat.

Um dos chocolates mais populares da Nestlé no mundo, o produto foi lançado no Brasil no ano passado atendendo a pedidos dos consumidores nas redes sociais.

O ovo do Kit Kat foi especialmente desenvolvido para o mercado brasileiro e conta com um recheio de biscoito no próprio ovo.

Mas a previsão de crescimento ainda é incerta. "Vamos crescer duas vezes o PIB. Temos de perguntar para o [ministro Guido] Mantega qual vai ser o crescimento", disse, em tom de brincadeira, o presidente da Nestlé Brasil, Ivan Zurita.

REDUÇÃO

Por pressão de consumidores, a Nestlé vem reduzindo a quantidade de açúcar, sal e gordura trans nas receitas. Nos últimos oito anos, o consumo de açúcar da empresa no mundo foi reduzido em 230 mil toneladas.

"Estamos fazendo isso no Brasil", disse Johnson. "Esse é um processo gradual, pois não podemos afetar o sabor dos nossos produtos. Mas precisamos ser consequentes e contribuir para uma alimentação responsável."

No início do mês, a Nestlé no Reino Unido anunciou a retirada de corantes e aromas artificiais e conservantes de todos os produtos doces. Não há previsão de estender a medida para outros mercados.


Veículo: Folha de SP