Flora, empresa de cosméticos e produtos de limpeza doméstica, pertencente ao grupo J&F, que é também dono do frigorífico JBS, vai ampliar as linhas de produtos que fabrica em Santa Catarina. A empresa, que detém em Itajaí uma fábrica, adquirida no ano passado do grupo Hypermarcas, na qual produzia somente sabão em pó, passará a fazer inseticidas, amaciantes e detergentes, além de cosméticos. Os investimentos totais somarão R$ 200 milhões e incluirão também um centro de distribuição.
O ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, agora presidente do Conselho consultivo da holding J&F, disse que este deverá ser o investimento mais relevante da Flora para o ano, mas não revelou quanto ainda de investimento poderá ser feito em 2012 pela empresa. "Estamos em fase de definição de planejamento de investimentos do grupo. Vou participar ainda de uma avaliação estratégica do que já existe e do que poderemos fazer e o que deveremos fazer", afirmou.
O presidente da Flora, Eduardo Luz, diz que Santa Catarina foi escolhida pela localização, pois é uma área central numa região que vem crescendo acima da média em vendas dentro do grupo. A perspectiva da empresa é de que as vendas no sul do país dobrarão de tamanho em até cinco anos.
O faturamento previsto é de R$ 550 milhões na região sul até 2015. Hoje, ele está em torno de R$ 100 milhões. O investimento resultará em ampliação de 30% da produção de cosméticos atual da Flora. Em 2011, o faturamento total da Flora atingiu aproximadamente R$ 1 bilhão.
Também pesou na decisão por Santa Catarina a questão portuária. Através do Porto de Itajaí, a Flora já realiza a importação de insumos e também faz cabotagem. Hoje, distribui-se o sabão de Itajaí para o Nordeste a partir de navios, com custos logísticos menores, operação que também será estendida aos demais produtos.
O anúncio de ampliação chega em um momento em que a Flora inicia uma revitalização de suas marcas. A partir deste mês, haverá novo posicionamento, novas embalagens e fórmulas diferentes. Dentre as marcas que serão "revitalizadas" estão Minuano, Assim, Ox, Neutrox, Hydratta e Francis. A partir do segundo semestre, a intenção é fazer com que essas marcas entrem em outras categorias em que não atuam hoje.
Luz não detalha as mudanças, mas um exemplo citado é o caso da marca Ox, que hoje é basicamente voltada a cabelos, mas poderá ser uma marca também de cuidados da pele. "Houve um investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento para fazermos isso".
As vendas da Flora entre janeiro e fevereiro deste ano foram 25% superiores ao mesmo período de 2011. "Estamos superanimados com o ano porque ele começou muito bem", afirmou Luz.
No longo prazo, Luz diz que "a ideia é que se siga na Flora uma trajetória como a da JBS (empresa de carnes): crescer agressivamente e abrir capital". Nos planos do grupo, está a disputa pela liderança no mercado de cosméticos, conforme explicou Meirelles.
O secretário de desenvolvimento econômico de Santa Catarina, Paulo Bornhausen, disse que a empresa receberá incentivos do Prodec, programa que posterga o recolhimento de Imposto sobre Circulação de Serviços (ICMS). Ela poderá ainda se enquadrar em lei municipal que, principalmente, reduz o Imposto sobre Serviços (ISS) em 50% entre 5 e 10 anos, mas ainda não requereu o pedido, de acordo com informações do secretário de desenvolvimento econômico de Itajaí, Onézio Gonçalves Filho.
Veículo: Valor Econômico