Preços do café voltam a cair

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Declínio nas cotações do grão persiste e deixa os produtores apreensivos.


Os preços do café voltaram a recuar em Minas ao longo de fevereiro. Com a nova queda, os produtores do Sul de Minas estão apreensivos em relação aos rumos do mercado e da comercialização da safra do grão. Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), entre 31 de janeiro e 29 de fevereiro houve retração de 12,1% nos preços pagos pela saca do produto.

A redução do valor pago pelo café foi observada também no mercado brasileiro. De acordo com os dados do Cepea, as cotações de arábica no mercado nacional recuaram significativamente em fevereiro, pressionadas pela forte desvalorização externa. O Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, teve média de R$ 441,31 por saca de 60 quilos em fevereiro, queda de 9% em relação a janeiro.

A queda na cotação local teve como influência a redução dos valores no mercado externo. Segundo o levantamento do Cepea, em fevereiro os preços do café na Bolsa de Nova York (ICE Futures), ficaram na média em 210,50 centavos de dólar por libra-peso, o que representou um recuo de 6,8% em relação à média observada em janeiro.

A média do preço pago ao longo de fevereiro no Sul de Minas ficou em R$ 436,77 por saca de 60 quilos, valor 12,1% inferior à cotação observada em janeiro. No dia 31 de janeiro a saca estava avaliada em R$ 463,56 e no encerramento de fevereiro foi cotada a R$ 407,49.

De acordo com os pesquisadores do Cepea, os preços do café vinham apresentando alta desde o final de 2010. O impulso foi promovido pela oferta restrita e a demanda firme pelo grão. Entre novembro de 2010 e dezembro de 2011, as médias mensais acumularam altas em praticamente todos os meses.

Porém, diferente do reajuste expressivo em fevereiro de 2011, no mesmo mês deste ano as cotações perderam sustentação, mas se mantiveram em patamares elevados e suficientes para a geração de lucro. Na segunda quinzena de fevereiro, principalmente, os preços do arábica tiveram forte desvalorização. A queda está atrelada aos recuos externos. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), a cotação encerrou fevereiro com queda de 19,4% em relação ao mesmo mês de 2011.

Exportações - Segundo os pesquisadores do Cepea, as exportações recordes observadas em 2011 explicam também as recentes quedas internacionais. O elevado volume embarcado possibilitou, de certa forma, suprir parte da demanda de importantes mercados consumidores, como Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão.

De acordo com o superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), no Sul de Minas, Lúcio Dias, a cotação do café na região vem apresentando forte queda desde janeiro. No início do ano a saca de 60 quilos era negociada a R$ 500, mas em fevereiro já havia caído para R$ 450 e na primeira semana de março para R$ 380.

"As boas perspectivas para a safra atual de café têm provocado a redução dos preços pagos pelo grão, já que se espera uma oferta superior na safra 2011/12. A tendência no curto prazo é de novas reduções, o que vem deixando o cafeicultor apreensivo. Além da safra maior, o mercado do café depende dos rumos da crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, estes por serem grandes compradores do grão mineiro", avalia Dias.

Ainda segundo o superintendente comercial da Cooxupé, o preço de R$ 380 por saca já não é suficiente para cobrir os custos de produção em algumas regiões do Estado, principalmente nas áreas de montanha, onde os gastos com mão de obra são mais elevados e o relevo impede a utilização de máquinas.

Outro problema que vem sendo enfrentado na cafeicultura mineira é a estiagem prolongada entre meados de janeiro e início de março. O período é considerado fundamental para o desenvolvimento da safra, já que no intervalo ocorre a granação do café.

"Começamos 2012 em um cenário mundial de incertezas e clima desfavorável para a cultura. Um dos impactos será na produtividade, que ficará entre 20 e 25 sacas por hectare, que normalmente rende acima de 30 sacas. Com isso, o custo de produção também fica maior", acrescenta Dias.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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