Brasil vai produzir lâmpadas LED

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O setor de iluminação brasileiro é o novo foco de uma série de empresas nacionais e multinacionais que estudam investimentos no país. Inicialmente, esse interesse deve promover a construção de três novas fábricas nos próximos anos. O grande estímulo para os desembolsos é o LED, sistema adotado em iluminação em todo o mundo, que deve reaquecer uma indústria que hoje passa por uma substituição de tecnologias.

"O consumo de LED no Brasil vai crescer astronomicamente nos próximos anos", afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), Carlos Eduardo Uchôa Fagundes.

Sigla em inglês para diodos emissores de luz, a iluminação com LED está sendo cotada para ocupar o lugar de grande parte das existentes, por ser considerada a mais avançada da indústria. Enquanto uma lâmpada incandescente (tradicional) tem vida útil de cerca de mil horas, a LED dura de 20 mil a 50 mil horas. O consumo de energia também é um atributo interessante: a LED consome 80% menos energia que as demais. Com essas características e os investimentos em infraestrutura no Brasil, as perspectivas da Abilux já mostram crescimento de 100% ao ano no consumo de LEDs no país. E realmente há espaço para crescer: nas residências são consumidos apenas cerca de 250 mil LEDs por ano (para fazer uma lâmpada ou um sistema de iluminação, são agrupados diversos LEDs).

E é baseada nesse potencial que a brasileira FLC está estudando a construção de uma fábrica de lâmpadas LED no país. Hoje, os produtos da empresa vêm do polo industrial da China, por meio de parcerias com empresas locais. São 13 unidades produtoras da marca FLC, sendo que quatro delas - com mais de 2 mil funcionários - produzem exclusivamente para a brasileira. A companhia traz da China lâmpadas compactas fluorescentes, halógenas, lâmpadas de alta eficiência, entre outros produtos. As LED ainda representam pouco da produção e a empresa quer avançar nesse segmento.

"A companhia está crescendo e temos a intensão de ter uma fábrica no Brasil", afirmou a fundadora da FLC, Alcione de Albanesi. Essa é, inclusive, uma das prioridades de Marcos Ambrosano, recentemente contratado para liderar a FLC. Em um processo de profissionalização, o executivo do Wal Mart foi contratado para lidar com o crescimento da companhia, principalmente no que tange à expansão produtiva e avanço no varejo.
 

"Uma das minhas prioridades é analisar o potencial do mercado e a localização dessa fábrica", afirmou o novo presidente da FLC. Segundo o executivo, a empresa deve dobrar de tamanho nos próximos anos, o que gera recursos necessários para trazer a nova tecnologia para o país.

Com vendas mensais de cinco milhões de lâmpadas, hoje a FLC detém 30% do mercado brasileiro de fluorescentes. Sem divulgar resultados, a empresa cresceu 16% entre 2010 e 2011. Para este ano, espera avanço de 20%. Ambrosano afirma que as projeções se baseiam no crescimento do setor de construção civil e na conquista do mercado de regiões menos exploradas, como o Nordeste e o Centro-Oeste. A empresa iniciou recentemente também suas primeiras exportações, direcionadas para o Chile, Venezuela, Argentina e Uruguai.

O fato de a FLC não atuar no segmento das incandescentes também deve colaborar para os melhores resultados. Órgãos reguladores do setor têm apertado as exigências e determinaram a retirada escalonada - a partir do ano que vem - dessas lâmpadas do mercado brasileiro, que têm alto consumo energético e um legado do mercúrio após o descarte. A FLC acredita que pode ocupar o espaço deixado por esses produtos, principalmente com a tecnologia LED.

Mas a fábrica da FLC vai enfrentar forte concorrência. A Philips tinha afirmado que pretendia começar neste início de ano a produção de lâmpadas LED em Minas Gerais. No entanto, conforme informou oficialmente a empresa, a data de início da operação foi revista, "devido às mudanças no cenário econômico global". A empresa não informou, no entanto, qual é o novo prazo. A capacidade prevista para essas operações também não foi revelada, mas para uma unidade ser economicamente viável deve produzir no mínimo 4 bilhões de LEDs, segundo dados da Abilux. Essa seria a oitava unidade de LED da multinacional.

A americana GE também vai participar desse movimento e planeja uma unidade de montagem voltada para iluminação pública e outdoors. A empresa trará itens da China, como faz com todas suas subsidiárias. Essa seria a segunda unidade de montagem da multinacional na América Latina, depois das operações mexicanas. "Estamos no processo de decisão sobre a localização da nova unidade", afirmou o presidente para América Latina da GE Iluminação, Lionel Ramirez.

Para se ter uma ideia do tamanho do mercado de iluminação pública, hoje no Brasil há 15 milhões de pontos de iluminação que precisam ser renovados, segundo cálculos da GE. "Esse é um processo definitivo de transição de tecnologias. E é nosso foco", completou Ramirez. A companhia ainda não traz detalhes sobre o investimentos, mas segundo o Valor apurou, os desembolsos devem ficar no patamar dos US$ 20 milhões.

Outra empresa que está voltando as atenções para a tecnologia LED é a Osram, braço de iluminação do grupo alemão Siemens. A empresa está entre as poucas fabricantes de lâmpadas no Brasil e ainda tem mais de 50% de sua produção em incandescentes. "Estamos nos preparando para suprir essa lacuna com produtos mais econômicos", afirmou Marcos Ellert, gerente de marketing da Osram. "A decisão de uma fábrica de LED no Brasil ainda não está tomada, mas estamos de olho nesse mercado."

Vale lembrar que as novas unidades devem envolver a fabricação nacional das partes e itens das lâmpadas de LED, no entanto, as empresas ainda dependerão da importação do chamado LED Component, material que leva semicondutores, área na qual o Brasil não tem produção própria.

A tecnologia é complexa, o que leva uma lâmpada de LED equivalente a 60 watts, por exemplo, a custar R$ 80. Mas, segundo a Abilux, o início da produção no país deve provocar redução nos preços.


Veículo: Valor Econômico


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