Importados avançam em cama e banho

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A participação de importados no consumo de itens têxteis para o lar dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e já atingiu 12,2% do consumo nacional no ano passado. De acordo com projeções do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), esta participação, que envolve o segmento de cama, mesa e banho, cortinas e tapetes, deve crescer mais um pouco e chegar a 14,3% neste ano.

O diretor do IEMI, Marcelo Villin Prado, que estuda o segmento desde 1989, disse que os itens tapetes e cortinas eram mais comuns de serem importados, mas, nos últimos anos, constatou-se avanços na importação da linha de cama: cobertores, edredons, lençóis e fronhas. Nas toalhas, explica Prado, ainda é pequena a participação de importados, mas ela também está em crescimento.

Tradicional exportador, o segmento de itens têxteis para o lar, pela primeira vez, fechou um ano com balança comercial deficitária, seguindo o que já vinha ocorrendo há mais tempo no ramo de vestuário. De acordo com apuração do IEMI, em dados dos últimos cinco anos, é possível observar que a importação de itens para o lar triplicou, enquanto a exportação caiu para um terço do que era.
 

A importação atingiu US$ 303 milhões, em 2011, contra US$ 91 milhões, em 2007. As exportações, por sua vez, caíram de US$ 366 milhões para US$ 121 milhões. O déficit da balança comercial de têxteis para o lar atingiu US$ 182,2 milhões em 2011.

Os dados do IEMI apontam que já existe também uma produção nacional menor desses produtos no Brasil. Em 2011, a produção nacional de itens têxteis para o lar atingiu 909,9 milhões de peças, uma redução de 9% em relação ao ano de 2010. Para 2012, a produção nacional crescerá ligeiramente, 3%, nas projeções do IEMI. "Esse volume de crescimento, no entanto, não é expressivo porque, nos últimos dois anos, esse setor acumula uma queda de 17% na produção", disse Prado.

Dentre os têxteis para o lar, chama a atenção, principalmente, a reversão de uma situação histórica dos produtos de cama, mesa e banho, que já tiveram metade de suas vendas ancoradas em exportações, setor no qual estão alguns precursores de exportações têxteis brasileiras. Desde 2005, as vendas externas dessas empresas vêm em queda gradativa, principalmente, por questões competitivas relacionadas ao câmbio. Parte das empresas, diante do real valorizado, também passou a realizar importações não só de matérias-primas, mas também de artigos semi-acabados e acabados da Ásia, bem como houve elevação das importações feitas por varejistas têxteis instalados no Brasil.

Prado diz que durante muito tempo as empresas se sustentaram com o mercado interno e ainda se davam "ao luxo" de exportar, como fazia o setor de cama, mesa e banho. "Hoje, já não se consegue exportar muito e se importa cada vez mais".

A situação já faz com que a projeção de crescimento do consumo nacional de têxteis para o lar seja maior do que a produção nacional: o consumo tem previsão de 5% de incremento. Isso significa que uma parcela deste crescimento já se espera que será abocanhada, mais uma vez, pelos produtos importados.

O diretor do IEMI alertou ainda para um agravante desta situação: o fato de que vários Estados estão incentivando as importações e contribuindo ainda mais para a redução na produção industrial têxtil local. Este seria o caso do Estado de Santa Catarina, que possui uma lei estadual que dá benefício de ICMS para o importador que utilizar os portos de Santa Catarina, pagando menos impostos do que aquele que produz têxtil no Estado. "O negócio está ficando distorcido, e isso vai causar um dano grande para o setor", afirmou Prado. "Por que trazer o fio se pode trazer já o lençol, onde o ganho do imposto é maior?", questionou.



Veículo: Valor Econômico


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