Receio de mais quedas nos preços leva produtores a oferecerem volume maior.
As vendas antecipadas de café em Minas ganharam novo fôlego em fevereiro, diante da redução significativa dos preços pagos pela saca do grão. O receio de novas quedas fez com que os produtores disponibilizassem maior volume para a comercialização antecipada, garantido o valor atual, que ainda está acima dos custos de produção.
De acordo com os dados da consultoria Safras & Mercado, somente no Estado, que é o maior produtor de café do país, já foram comprometidos 83% do volume a ser produzido ao longo da safra 2011/12. Mesmo com o aumento das negociações, contudo, as vendas antecipadas ainda estão inferiores às realizadas no mesmo período de 2011, quando 89% da safra já haviam sido vendidos.
Segundo os dados da consultoria, até o encerramento de janeiro, o volume comercializado em Minas era de 78% e passou para 83% no encerramento de fevereiro. Ao todo, os cafeicultores do Estado já negociaram 20,05 milhões de sacas da 60 quilos, de uma produção estimada pela Safras & Mercado em 24,2 milhões de toneladas.
Nas regiões Sul e Oeste do Esado, onde serão produzidas na safra atual 12,5 milhões de sacas, as negociações realizadas até final de fevereiro já abrangeram 9,9 milhões de sacas, o que corresponde a 79% do volume total esperado. Em janeiro, as vendas antecipadas comprometiam 74% da safra. Em idêntico período anterior 88% da produção já haviam sido negociados.
No Cerrado e Zona da Mata o índice de comercialização antecipada chegou a 85% em fevereiro, contra 80% em janeiro e 90% em igual período da safra 2010/11. Nessas regiões deverão ser produzidos 4,3 milhões de sacas. Destas, 3,65 milhões já foram negociadas.
Páís - O ritmo de comprometimento da safra brasileira também está baixo, se comparado com os dados da safra passada. Segundo o analista sênior de Safras & Mercado, Gil Barabach, a comercialização da safra de café do Brasil 2011/12 fechou fevereiro em 85% do total.
Com isso, já foram comercializados pelos produtores brasileiros 40,47 milhões de sacas de 60 quilos de café, tendo como base a projeção elaborada pela consultoria, que prevê na safra 2011/12 de café brasileira a produção de 47,7 milhões de sacas.
A comercialização está abaixo de igual período do ano passado, quando 87% da produção 2010/11 já estava negociada. Em fevereiro, a comercialização na média brasileira evoluiu seis pontos percentuais contra janeiro, que fechou com vendas de 79% da safra.
Segundo o analista sênior, os negócios ganharam mais ritmo em fevereiro, diante da melhora no interesse de venda das últimas semanas. "A confirmação da queda nos preços e o aumento da safra nova que se aproxima explicam o interesse de venda. Isso não significa pressão vendedora, apenas uma maior predisposição à venda", diz Barabach.
Em fevereiro, os preços do café em Minas tiveram queda média de 12,1%. A desvalorização foi provocada pelas expectativas de aumento da oferta frente ao ano de bianualidade positiva da cultura e ao maior investimento dos produtores nos cafezais, que combinados alavancam a produtividade.
A redução do valor pago pelo café também foi observada no mercado brasileiro. De acordo com os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as cotações de arábica no mercado nacional recuaram 9% em fevereiro, pressionadas pela desvalorização do grão no mercado externo.
A produção de café em Minas foi estimada em 26,335 milhões de sacas na safra 2011/12. Segundo o Primeiro Levantamento para a Safra de Café 2012, elaborado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em comparação com a safra anterior a estimativa sinaliza um aumento na produção cafeeira de 18,73%. Quando comparada com a produção da safra 2010, período de bianualidade positiva equivalente ao da safra 2012, o aumento será de 4,69% na produção do Estado.
Veículo: Diário do Comércio - MG