Dívida líquida diminui, fluxo de caixa aumentou e ação acumula alta de 44%no ano; mas caminho é longo, dizem analistas
Depois de despencar 62,06% e encerrar o ano passado com o quarto pior desempenho das ações que compõem o Ibovespa, a Hypermarcas parece estar colocando a casa em ordem e retomando aos poucos a confiança dos investidores. No ano, as ações da companhia acumulam alta de 44,59%.
Por 10 anos, a empresa comprou diversos ativos até se tornar um conglomerado cujo guarda-chuva abrangia desde produtos de beleza até itens farmacêuticos.No ano passado, sob o comando do presidente Cláudio Bergamo, a estratégia foi colocada de lado com o intuito de ajustar o foco do grupo.A dívida estava alta, marcas foram vendidas e a companhia sumiu da lista de recomendações de corretoras.
Agora, a valorização é impulsionada tanto pela alta geral da bolsa brasileira quanto pelos planos de crescimento da companhia para este ano, afirma Sandra Peres, analista da Coinvalores.“A estratégia de reestruturação e a política comercial associadas ao discurso de foco correto fez com que o mercado passasse a esperar um melhor desempenho no médio e longo prazo”, diz a analista.“Parece que o resultado vai se concretizar por conta da reestruturação, mas só no fim deste ano e em 2013.”
Acompanhia projeta um Ebit (lucro antes de juros, impostos,depreciação e amortização) de R$ 850 milhões para este ano. No ano passado, a expectativa era de que se chegasse a R$ 1 bilhão, mas foi o montante foi revisado para baixo duas vezes até chegar a R$ 700 milhões na projeção — acabou fechando o ano com R$ 712 milhões. Ainda assim, inferior a 2010, quando somou R$ 734,5 milhões.
Uma das principais consequências do processo agressivo de aquisições foi a disparada do endividamento da Hypermarcas. A dívida líquida somou R$ 2,74 bilhões no fim do ano —uma melhora em relação ao trimestre anterior, quando estava em R$ 3,26 bilhões líquidos.
Parte da estratégia para retomar fôlego financeiro e confiança dos investidores foi vender ativos. Entre as marcas vendidas estão Etti, Salsaretti e Puropure, adquiridas pela Bunge por R$ 180 milhões, enquanto a Química Amparo vai pagar até R$ 125 milhões por Assolan, Perfex e Cross Hatch. No total, as vendas somaram R$ 445 milhões.
O fluxo de caixa aumentou de R$ 67,5 milhões em 2010 para R$ 580,2 milhões em 2011.
Caminho longo - Se por um lado as ações em bolsa já mostram um conforto maior dos investidores com a situação financeira e estratégia da Hypermarcas, a companhia ainda tem dever de casa a fazer para que os analistas voltem a recomendar compra das ações e elevam o preço-alvo.
A Coinvalores e a Fator Corretora indicam a manutenção dos papéis da Hypermarcas. Já a corretora HSBC mantém a classificação “neutra”, mas elevou o preço-alvo de R$ 11 para R$ 13 para o fim do ano. “Os resultados da Hypermarcas no quarto trimestre indicam que o trabalho ainda não foi concluído”,avalia o analista Francisco Chevez, em relatório.
Já a Fator Corretora manteve o preço-alvo de R$ 12,10 para as ações. “As nossas estimativas já incorporama retomada de crescimento das vendas a partir do primeiro trimestre, além de aumento da rentabilidade proveniente de recuperação da margem bruta e otimização das estruturas de produção e vendas”, afirma Iago Whately, em relatório.
Luiz Cesta, analista da Votorantim Corretora, coloca em perspectiva negativa o desempenho dos papéis no curto prazo (três meses). Para ele, as ações devem chegar a R$ 10,10.
Veículo: Brasil Econômico