A indústria de eletrodomésticos deve conseguir a extensão do prazo de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para linha branca. Segundo apurou o Valor, os fabricantes contarão com o benefício até 30 de junho. A redução, que vale para refrigeradores, fogões, lavadoras de roupa e "tanquinhos", começou em 1º de dezembro e o fim estava previsto para 31 de março.
A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) diz que, nos quatro meses de vigência do benefício, as vendas de linha branca devem encerrar com alta de 10% a 15% sobre o mesmo período do ano anterior. "As lavadoras de roupa, que são o eletrodoméstico com menor taxa de presença nos lares, menos de 50%, vem puxando esse crescimento", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros. A indústria defende que o benefício se estenda até 31 de dezembro.
"É o tempo para os fabricantes se organizarem a fim de que, a partir de 2013, a indústria ofereça produtos com maior eficiência energética", diz Kiçula. A proposta da Eletros é que o IPI seja cobrado conforme o nível de economia de energia: quanto mais econômico o produto, menor o imposto.
A extensão da redução do IPI por mais tempo a partir do segundo semestre não está descartada, disse uma fonte na área econômica, porque o governo está satisfeito com o desempenho da indústria. "Os incentivos tiveram efeito imediato e o governo sabe da importância que a cadeia produtiva do setor tem para o mercado de trabalho", disse a fonte. Mas, por enquanto, não há nenhum entendimento quanto ao assunto.
O governo não pretende dar sinais de que novas prorrogações vão ocorrer para evitar um efeito contrário ao que se quer no varejo. Se o consumidor sabe que os incentivos terão tempo limitado, opta por antecipar sua compra de eletrodoméstico, estimulando o setor. Para a Eletros, caso o benefício se estenda a 31 de dezembro, o mercado tem condições de manter o crescimento de 15% em volume.
O varejo estava ansioso em relação a um posicionamento do governo. "Precisamos preparar os folhetos de ofertas de abril e, enquanto não houver uma posição oficial sobre a prorrogação do IPI, fica tudo paralisado", diz o diretor de compras da Máquina de Vendas, Rômulo Cunha. A empresa, dona das redes Ricardo Eletro, Insinuante, City Lar e Eletro Shopping, com mais de 900 lojas no país, registrou crescimento de 15% nas vendas de linha branca desde 1º de dezembro, em comparação com o mesmo período do ano anterior. "Sem o IPI, jamais cresceríamos dois dígitos nesse período", diz.
Já a indústria não estava preparada para o aumento repentino da demanda. Conforme antecipou o Valor em 2 de fevereiro, faltou produto no varejo, situação que ainda é observada em algumas lojas. "Nós não tínhamos a menor ideia de que seria aprovado o IPI e a produção estava ajustada para a desaceleração natural do início do ano", diz um grande fabricante.
De qualquer forma, a indicação positiva do governo em relação ao IPI vai permitir a alguns empresários respirarem aliviados. "Meu medo está nos pedidos fechados agora, baseados na continuidade do IPI", diz outro fabricante. "Se o governo desistir, o varejo simplesmente cancela a encomenda".
Veículo: Valor Econômico