Licenças são negócio paralelo de US$ 3 bilhões da P&G

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A maior fabricante mundial de produtos de consumo não está imune a buscar ajuda.



A Procter & Gamble Co. tem licenciando centenas de marcas, patentes não desenvolvidas e direitos para novos produtos, no esforço de reavivar algumas divisões que estão definhando e ampliar outras de mais sucesso. Essa prática, pouco conhecida, inclui marcas como os purificadores de ar Febreze, as fraldas Pampers e outras.

A empresa aumentou seus esforços de licenciamento depois de descobrir que esses negócios laterais vinham gerando receitas significativas. A P&G afirma que até três anos atrás nem sequer calculava quanto seus parceiros externos estavam faturando com os licenciamentos. Quando fez isso, o resultado foi uma surpresa: US$ 3 bilhões por ano nos últimos três anos.

A P&G não informa quanto desses US$ 3 bilhões volta para ela, e isso pode ser pouco em comparação com a receita total da P&G, de US$ 82,6 bilhões no ano terminado em 30 de junho. Ainda assim, a empresa espera que a receita vinda de acordos de licenciamento venha a aumentar devido ao grande número de produtos que tem em desenvolvimento.

Em janeiro a P&G fez um acordo com a Kaz USA Inc., fabricante de produtos para a saúde e para o lar, licenciando o Febreze para um ventilador de pedestal que controla os odores do ambiente, a ser lançado este mês. Em setembro, a empresa lançou a escova dental Scope Outlast Minibrush em uma joint venture com a OraLabs Inc., fabricante de produtos para saúde bucal.

A P&G informou que não há acordos de licenciamento feitos especificamente na América Latina, mas que produtos licenciados, como termômetros da sua marca Vick, são vendidos na região.

A Nehemiah Manufacturing Co., fundada por ex-funcionários da P&G, começou a licenciar os Pampers Kandoo, da P&G, em setembro de 2009; ela não quis revelar os termos do negócio devido ao seu contrato de licenciamento com a P&G.

A linha Kandoo de produtos para higiene infantil parecia uma extensão natural das fraldas Pampers, mas a P&G quis se concentrar em fraldas enquanto a Pampers crescia no mercado internacional, segundo Jeff Weedman, diretor da P&G para desenvolvimento global de negócios.

A Nehemiah modificou a cadeia de suprimento da Kandoo, os preços e o marketing, usando as redes sociais para atingir as mães mais jovens. Reduziu os custos da linha em 10% a 15%, economizando mais de US$ 1 milhão.

Desde o relançamento da Kandoo em abril de 2010, a Nehemiah dobrou a receita da linha, que agora está dando um lucro modesto, disse Richard Palmer, presidente de Nehemiah e ex-funcionário da P&G.

A divisão "tinha se perdido na grande carteira de produtos Pampers da P&G", disse Palmer.

Em outro exemplo, há dois anos a P&G licenciou sua marca Febreze, com bilhões de dólares em vendas, para ser usada com os filtros residenciais de ar da Imagine One Resources LLC.

Bob Lackey, diretor-presidente da empresa, disse que o acordo de licenciamento não lhe permite divulgar os números exatos das vendas, mas que elas superaram as projeções em 200% no primeiro ano, justificando uma entrada no Canadá.

A Imagine One, que tinha desenvolvido tecnologias para reduzir odores e liberar aromas lentamente, procurou a P&G em 2009, interessada em licenciar a marca Febreze; começou então um processo de cerca de seis meses de avaliação para conseguir o licenciamento. A P&G quis saber qual a experiência da Imagine One em filtragem de ar, por que faria sentido usar a marca Febreze nesse nicho, e qual seria o preço do produto, disse Lackey. Essas análises são típicas de negócios desse tipo, afirmou a P&G.

Em geral, leva pelo menos seis meses para garantir que a empresa interessada se adaptará bem como parceira, incluindo cerca de dois meses de negociação do contrato, disse Michael Stone, diretor-presidente da firma nova-iorquina Beanstalk, licenciadora de marcas, que já trabalhou com a P&G durante cinco anos licenciando marcas como Clean, CoverGirl e MaxFactor.

Os contratos em geral duram de três a cinco anos, com a opção de renovação para o licenciado se forem atingidos certos objetivos de venda, disse Stone. O licenciado paga uma quantia inicial e se compromete a fazer pagamentos pré-acordados à P&G, disse ele.

A P&G também licencia tecnologias que ainda não encontraram o caminho até algum produto. Embora a empresa tenha vendido sua divisão de medicamentos sob receita para a Warner Chilcott PLC por US$ 3,1 bilhões em 2009, algumas tecnologias já tinham encontrado abrigo em outras firmas.

Joseph Gardner, que trabalhou na equipe de pesquisa e desenvolvimento da P&G, saiu em 2006 e fundou a Akebia Therapeutics Inc. A empresa licenciou algumas tecnologias promissoras de medicamentos da P&G, com um acordo que dava a esta última uma participação de 19%.

Um dos resultados é uma pílula diária para o tratamento da anemia, que a Akebia espera lançar em 2016.


Veículo: Valor Econômico


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