Tanto a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) no mês de março quanto a observada no primeiro trimestre do ano através do IPCA Especial (IPCA-E) mostraram que a escalada dos preços está mais tímida. As altas de 0,25% no mês, ante 0,53% em fevereiro, e de 1,44% no trimestre revelam desaceleração. O movimento está sendo puxado pela queda nos preços de alimentos – em parte pela diminuição dos preços das commodities – e reduções sazonais.
Um vilão do início deste ano – e que ajudou a inflação a baixar neste mês – foi o preço de itens do grupo educação. O aumento de valores destes itens foi de 5,66% em fevereiro e de 0,51% em março, o que ajudou o indicador a subir menos neste mês, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo acompanhamento dos indicadores.
O resultado do IPCA-15 deste mês, de 0,25%, mostrou ainda uma desaceleração significativa em relação a março de 2011, quando o resultado havia sido de 0,60%. A expectativa é que as reduções de preços também continuem ocorrendo em abril, por motivos sazonais.
Diferença na mesa – Os preços do grupo alimentos continuam desacelerando e passaram de 0,29% em fevereiro para 0,22% em março. O item que mais contribuiu para o resultado deste mês, em 0,04 ponto percentual, foi um vilão da inflação em 2010 e até meados do ano passado: a carne.
Em março, a variação no preço deste item foi de 1,57%, menor do que no mês passado, de 2,10%. Embora a carne seja o item de maior peso, outros alimentos ajudaram a baixar a inflação: o tomate (com queda de 16,33%), açúcar cristal (redução de 2,57%), açúcar refinado (menos 2,35%) e queijo (retração de 0,85% no período).
"Estamos tendo um choque favorável de preços depois de um período muito desfavorável (ano passado). Os preços agrícolas voltaram ao normal", afirmou o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e membro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Heron do Carmo.
Na contramão – Segundo ele, um alimento que deve ser observado com atenção é o feijão, cujo preço sobe muito rápido em momentos de quebra de safra. De acordo com os dados apurados no IPCA-15, o feijão preto subiu 7,68% no último mês, enquanto a cebola – com menor peso no índice – registrou um aumento de 15,36% no valor.
No segundo grupo de maior peso, o de transportes, a vilã foi a passagem aérea, que aumentou 1,35%, por causa da sazonalidade do feriado de Carnaval. Outros vilões, que ameaçam a inflação principalmente no futuro, são os combustíveis. Em março último, o preço da gasolina diminuiu um pouco menos em relação ao movimento do mês anterior, passou de retração de 0,30% para queda de 0,18%. O mesmo ocorreu com o etanol, que foi de menos 2,38% para 1,48% negativo.
"Uma ameaça são os combustíveis. O governo terá de decidir se aumenta ou não os valores neste ano", disse o professor da FEA.
Outro item de peso no índice, o grupo habitação, está desacelerando. A alta de preços passou de 0,48% em fevereiro para 0,44% em março. Segundo a Consultoria Tendências, esse resultado foi puxado principalmente pelo aluguel residencial, cuja alta passou de 1,19% para 0,45%. "Uma redução maior pode ser esperada mais adiante, porque esse preço é reajustado pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) passado", afirmou o professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, Eduardo Coutinho.
Veículo: Diário do Comércio - SP