Indústria. Fábrica será a segunda do grupo no Estado e será o maior investimento privado já feito no Paraná, segundo o governador; 12 cidades disputam o empreendimento e se comprometeram a dividir metade da arrecadação de ICMS com municípios vizinhos
A Klabin, maior fabricante brasileira de papéis para embalagem, vai investir R$ 6,8 bilhões em uma nova fábrica de celulose na região do Médio Rio Tibagi, no Paraná. O investimento foi anunciado ontem pelo governador do Paraná, Beto Richa, e logo depois confirmado pelo diretor-geral da empresa, Fábio Schvartsman.
"É o maior investimento privado da história do Paraná", afirmou Richa. O projeto ainda não foi totalmente aprovado e, entre as indefinições, está o município em que ficará sediada a nova fábrica.
Antecipando-se a essa definição, os prefeitos de 12 municípios da região assinaram documento ontem abrindo mão de 50% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que deve ser distribuído com os 11 demais municípios de forma equânime.
A distribuição levará em conta o volume de madeira entregue às fábricas da Klabin, o número de habitantes e a evolução municipal do Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM), indicador que mede o desempenho da gestão e ações públicas dos 399 municípios paranaenses. "Os prefeitos abrirem mão reciprocamente da arrecadação é um negócio bonito pra chuchu", elogiou Schvartsman.
De acordo com o executivo, a preocupação da Klabin ao incentivar essa sistemática foi fazer com que todos os municípios alcancem o desenvolvimento de Telêmaco Borba, onde já tem uma indústria. "Não faz sentido ter um município quase rico e um monte de municípios pobres em volta, é uma insensatez, uma herança do Brasil antigo", disse.
Segundo o governador Richa, cinco dos municípios que serão beneficiados diretamente pelo investimento estão entre os dez de menor IDH do Estado. "(O investimento) vai garantir oportunidade de trabalho, renda e riqueza para todos os paranaenses, e numa das regiões mais carentes", salientou.
Produção. A previsão do diretor-geral da Klabin é que a nova fábrica entre em operação no fim de 2014, com capacidade para produzir mais de 1,5 milhão de toneladas de celulose. Atualmente, a unidade de Telêmaco Borba produz 1,1 milhão de toneladas de celulose e papel. Ele espera anunciar nos próximos meses o município que a sediará a fábrica. "Trabalhamos incessantemente e chegaremos em breve à decisão final", afirmou.
Mas algumas definições já estão no papel, entre elas a de que a nova fábrica produzirá tanto celulose de fibra curta, usada principalmente em papéis de escrita e papel higiênico, quanto de fibra longa, que serve para papel embalagem e para fraldas. "Isso, nenhum projeto no País faz", disse Schvartsman.
Segundo ele, os outros projetos, incluindo o atual da Klabin, produzem apenas celulose de fibra curta. "O Paraná é detentor de clima e solo que permite o bom crescimento tanto do eucalipto, que produz a fibra curta, quanto do pinus, que produz a fibra longa", disse.
A empresa já tinha uma das maiores áreas florestais do Paraná e, no fim do ano passado, em associação com a chilena Arauco, adquiriu a Florestal Vale do Corisco, com 107 mil hectares de terras, dos quais 63 mil cobertos de floresta. "Há disponibilidade de madeira suficiente para alimentar grandes projetos de celulose", ressaltou Schvartsman.
De acordo com ele, nenhum projeto no Brasil está voltado para a produção e venda no mercado de fibra longa. "O que significa que a Klabin não só exportará por meio desse projeto, mas também venderá bastante dentro do mercado brasileiro, em princípio substituindo importações futuras de fibra longa que viriam ao Brasil", disse.
Por isso, ele considera importante o acordo entre os municípios para a repartição do ICMS. "O projeto vai gerar ICMS ao vender no mercado interno", reafirmou o executivo.
Por se tratar de uma commodity, o diretor-geral da Klabin destacou que a produção de celulose, para ser bem-sucedida, precisa de um custo muito baixo. Como a região onde pretende se instalar tem a maior área florestal, ele imagina que o custo será bastante reduzido. "Mesmo com uma crise mundial, a última planta que vai sofrer é essa", afirmou. "Todo o resto da indústria sofrerá antes que o sofrimento chegue a ela."
O último grande investimento da Klabin na ampliação da unidade de Telêmaco Borba foi feito em 2008, com injeção de R$ 2,2 bilhões. Esses recursos permitiram à empresa aumentar a capacidade de produção da fábrica em 400 mil toneladas. A Klabin está no Paraná desde 1934.
Veículo: O Estado de S.Paulo