Lojistas cobram do governo a extensão de prazo para o IPI

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Com a proximidade do término da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para linha branca - máquinas de lavar, geladeira, fogões e tanquinhos - no dia 31 deste mês, o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), já cobra o governo para que a medida seja prorrogada por pelo menos até o final deste ano no País, em setembro.

O Instituto já encaminhou um ofício ao Ministério da Fazenda para que haja uma nova reunião entre as partes sobre o assunto antes do término, mas não houve retorno ainda por parte do governo. "Há dois meses já havíamos mandado um ofício com a solicitação de uma nova reunião com a presidente Dilma Roussef. Como não tivemos retorno, encaminhamos mais um pedido há dois", comenta Fernando de Castro, presidente da entidade. O especialista em varejo aguarda que esse encontro ocorra pelo menos até o último dia da redução dos impostos dos produtos, este mês.

Para Castro, além da prorrogação dessa desoneração, o ideal é que o governo olhe para a venda de móveis e para os materiais de construção, pois são setores que podem evitar que o varejo sofra com uma nova queda nas vendas, como visto no ano passado. "Estamos falando de um setor que, só os 40 associados ao IDV, abrem em média 30 lojas cada um ao ano, que somadas podem chegar a 900 novas operações por ano ao País", diz Castro e completa "Assim que a medida chegar ao fim, já prevemos uma queda no varejo, e isso deve ser levado em conta pelo governo, uma vez que o varejo tem sido o setor que mais tem empregado pessoas de forma direta e indireta no Brasil". A preocupação do IDV em encaminhar dados periodicamente fez com que o Ministério da Fazenda desonerasse mais uma vez a linha branca no país.

Vendas

Dados obtidos entre os associados mostram que nos últimos três meses as redes tiveram, em média, 22,3% de aumento em suas vendas de linha branca, além de impulsionar o consumo de outros produtos, como, por exemplo, a de eletroeletrônicos. "Por mais que o consumidor saia de casa com a intenção de comprar uma geladeira, sempre terá junto dessa venda a aquisição de outros produtos. Só com essa maior procura por linha branca, os eletroeletrônicos tiveram 12,13% de incremento nas vendas no mesmo período", enfatiza. Ainda com o levantamento do IDV, com o imposto reduzido, o mercado varejista sente crescimento de 5,6% ao mês na comparação com os meses em que a tributação dos produtos são as seguintes: fogão com 4% de imposto sobre produto industrializado, geladeira com 15%, máquina de lavar roupa 20% e tanquinho com 10%.

Dividido por período, em dezembro do ano passado, quando o governo autorizou a nova redução o aumento de unidades vendidas chegou a 26,11. Em janeiro deste ano, 27,30 e em fevereiro 28,42 % maior que na comparação nos mesmos meses do ano anterior. O que representa uma média de 28,42% de incremento nas unidades vendidas no Brasil. "Fevereiro foi um mês atípico neste primeiro trimestre", explica Fernando de Castro.

Para este mês de março, as redes varejistas estimam que as vendas cresçam 6,5% segundo a projeção do Índice Antecedente de Vendas (IAV-IDV). Para os próximos dois meses, as redes se preocupam com a queda de 6,2% em abril e de 5,6% em maio.

O produto mais consumido neste período foi a máquina de lavar roupa, seguido da geladeira e do microndas, em ordem de venda. "Um dos fatores que pode explicar essa maior penetração da máquina de lavar roupa no consumo da população é que mulheres que antes eram donas de casa se inseriram no mercado de trabalho. Esse fato a faz comprar uma máquina por necessidade, para facilitar as tarefas de seu lar", explica o especialista do IDV.

A primeira vez que o governo reduziu o IPI dos eletrodomésticos em 2008, a medida surtiu efeito maior nas vendas, pois veio acompanhada de uma campanha que conscientizava o consumidor a trocar seus eletrodomésticos antigos com mais de 15 anos de uso por novos, que teriam um gasto menor no consumo de energia. Em encontro ocorrido ontem entre players da indústria brasileira e representantes do varejo, pode ser que o governo se posicione sobre o que acontecerá de contrato com a redução do IPI.

Enquanto uma decisão não parte do Ministério da Fazenda, Fernado de Castro explica que o governo tem promovido medidas pontuadas para que o varejo não tenha perdas e continue a ter boa representatividade frente ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. "Guido Mantega tem estudado a redução do Imposto sobre Operação Financeira (IOF), o que ajudaria a população a contratar mais crédito e financiar a venda de bens de consumo duráveis", diz. Ainda segundo o especialista, os varejistas se adiantarem e decidiram manter os preços mais baixos para que as vendas não caiam ao longo deste ano.


Veículo: DCI


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