Cresce custo com mão de obra na área fiscal

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Necessidade de profissionais atualizados em meio à complexidade tributária eleva salários no setor em até 30%



Planejamento tributário pode fazer empresário economizar milhões; difícil é achar quem saiba da matéria

As mudanças constantes na legislação, a adoção de sistemas digitais mais complexos e a falta de profissionais qualificados na área fiscal e tributária estão levando as empresas a gastar mais para manter executivos mais experientes em seus quadros.

Os salários de profissionais que atuam nesses departamentos no varejo, na indústria e no setor de serviços tiveram incremento de até 30% nos últimos dois anos.

Empresários também optam por ampliar o número de funcionários das equipes que atuam no pagamento de tributos para evitar multas que podem chegar a R$ 5.000, caso deixem de cumprir as obrigações com os fiscos.

"Quando não encontra profissionais que possam acompanhar as demandas da legislação, parte das empresas opta por subcontratar consultorias", diz o presidente da Abracont (Associação Brasileira dos Contabilistas), Valdir Jorge Mompean.

Uma prestadora de serviço de São Paulo tentou por um ano encontrar no mercado um analista de pagamento (salário de R$ 3.000) e, enquanto a vaga ficou aberta, teve de contratar um escritório de contabilidade.

Em outro caso, no interior paulista, uma usina de açúcar busca há dois meses analista para ganhar R$ 5.000.

"As equipes da área fiscal cresceram nas empresas de médio porte e os profissionais estão sendo mais disputados", afirma Mompean.

FORMAÇÃO

Uma pesquisa da Confeb (Conselho Fiscal Empresarial Brasileiro) com 600 executivos mostrou que 6 a cada 10 recém-formados são despreparados para a função.

"Quem deixa a faculdade não conhece a legislação tributária e não tem noção de novos sistemas, como a nota fiscal eletrônica e o Sped (Sistema Público de Escrituração Digital)", diz Henrique Gasperoni, diretor da Confeb.

Empresa com fábrica em MG, GO e SP, a Catupiry teve dificuldade para achar analista de escrituração fiscal e registro de documentos, bem como alguém que conhecesse as leis estaduais de ICMS.

"Recebemos muitos currículos, mas poucos qualificados", diz Francisco Delio, gerente contábil e fiscal da empresa. "Demoramos mais do que o normal para preencher uma vaga na área fiscal."

VALORIZAÇÃO

Para Cristina Martins, responsável pela área fiscal e contábil de uma empresa de grande porte que produz doces e biscoitos, é preciso qualificação constante, pois a lei muda "da noite para o dia".

"Caso contrário, pode ter impacto negativo na operação da empresa", afirma.

Não à toa que a área de planejamento tributário lidera há dois anos ranking dos salários mais valorizados entre 13 gerências das empresas, indica a consultoria Mercer.

"Paga mais porque, se o profissional fizer o planejamento tributário adequado, a empresa pode economizar milhões", diz Marcelo Ferrari, diretor da Mercer.

Com o aquecimento no mercado e a necessidade das empresas, profissionais que investem em qualificação têm chance de subir mais rapidamente na carreira.

Wellington Vasconcelos, 25, passou do balcão de atendimento de um escritório de contabilidade para o setor tributário da Catupiry e, após sete anos, foi cursar ciências contábeis. Contratado em 2008 como analista fiscal, hoje virou supervisor. "Tentavam contratar para o cargo, mas não foi como esperavam. Ocupei a vaga e, com a promoção, meu salário dobrou."



Veículo: Folha de S.Paulo


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