Usinas cancelam contratos de açúcar por falta de produto

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Algumas usinas não estão conseguindo produzir o volume de açúcar programado e estão pedindo o cancelamento de contratos de exportação. Não há estimativas sobre o volume de acordos encerrados ou postergados, mas o movimento começou há pelo menos dois meses, conforme Michael Betenson, diretor comercial da trading Crystalsev. "Há empresas que estão pedindo para cancelar contratos de exportação de açúcar com a alegação de que não terão produto para entregar, ou por atraso de expansões previstas, ou porque a chuva atrapalhou a produção", acrescenta Betenson.

 

Os preços mais remuneradores do álcool também estão contribuindo para essa disposição das usinas, segundo José Carlos Toledo, presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop). "O álcool está remunerando mais que o açúcar neste momento e, a perspectiva é de essa diferença aumentar ainda mais na entressafra, uma vez que os estoques de álcool estão apertados", diz.

 

Betenson pondera que a falta de produto, por ironia, acabou sendo positiva, principalmente porque há uma retração do mercado importador neste momento, sobretudo na Rússia. "Está havendo nos destinos movimentação muito lenta, apesar de haver demanda pelo produto físico. Os importadores estão com pouco acesso a crédito, em especial os importadores russos", explica. Ele lembra, no entanto, que, apesar de poucos negócios estarem sendo efetivados, a demanda continua existindo e virá buscar o produto assim que houver normalização no crédito. "Por enquanto, a Rússia está queimando seus estoques de beterraba. Mas, em um momento posterior, provavelmente no ano que vem, os russos devem retornar com demanda mais forte", prevê. Neste contexto, a falta de crédito para financiar os canaviais pode gerar redução de oferta e provocar uma alta considerável nos preços em meados de 2009 por menor volume de produto.

 

Nesta safra, segundo Júlio Maria Borges, da JOB Consultoria, a maior dificuldade trazida pelo clima foi na produção de açúcar branco de qualidade. "E isso pode sim afetar os contratos de exportação", acredita. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de açúcar refinado estão 11% menores neste ano. Entre janeiro e outubro foram embarcados 4,9 milhões de toneladas, ante os 5,9 milhões de igual período de 2007.

 

Esse cenário fez com que os preços do açúcar branco para exportação superassem o valor pago no mercado interno. Há uma semana, a saca de açúcar branco no porto está valendo R$ 34, ante os R$ 30 pagos internamente. Há um mês, o quadro era inverso: o preço no porto estava em R$ 30,50 e o do mercado interno, de R$ 31,23, segundo a FCStone.

 

Os embarques mais lentos estão sendo registrados também no Nordeste, onde a safra começa no segundo semestre. De acordo com informações da agência marítima Williams, em outubro saíram dos portos pernambucanos de Recife e de Suape seis navios carregados com açúcar, número que foi de dez em outubro do ano passado. Até o dia 19 deste mês, dos dois portos haviam partido cinco navios.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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