Além de Minas, maior bacia leiteira do país, Goiás e São Paulo também já estão entrando em fase de entressafra.
A menor oferta de leite nas principais regiões produtoras de Minas Gerais e a demanda aquecida pelos laticínios fez com que os preços do litro do produto pagos aos pecuaristas aumentassem em média 2,91% em março. A redução da oferta se deve ao início da entressafra. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Segundo os pesquisadores do Centro, a valorização do litro de leite foi observada também na média nacional. Em março, o preço médio pago pelo leite ao produtor aumentou cerca de 2%, ou 1,7 centavo por litro, sendo avaliado a R$ 0,858 por litro na média ponderada dos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia.
Na comparação com igual período de 2011, o valor pago ao produtor aumentou 7,7%. Segundo os pesquisadores do Cepea, em março, a elevação dos preços foi impulsionada pela menor oferta do produto nas principais bacias leiteiras, o que aumenta a disputa pela matéria-prima entre os laticínios e cooperativas.
Além de Minas Gerais, maior bacia leiteira do país, Goiás e São Paulo, também já estão entrando em fase de entressafra. O Índice de Captação de Leite do Cepea (Icap-Leite) registrou quedas de 1,2%, 4,9% e 4,5%, respectivamente, entre janeiro e fevereiro. Na média ponderada pelos sete estados analisados, o índice caiu 2,2% em fevereiro. Se comparado ao mesmo período de 2011, houve pequena redução de 0,7%.
Os dados do Cepea mostraram que o preço pago aos pecuaristas mineiros, em março, referente à produção entregue em fevereiro, teve média de R$ 0,864 por litro, preço mínimo de R$ 0,781 e máximo de R$ 0,928. A variação de preço bruto foi de 3,01% e a líquida de 2,91%. Todas as regiões pesquisadas no Estado apresentaram elevação nos preços pagos aos produtores.
Regiões - No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba foi registrada a maior variação positiva ao longo do mês, 4,25%. O preço médio recebido pelos pecuaristas de leite ficou em R$ 0,911 por litro. O valor máximo alcançou R$ 0,963 e o mínimo de R$ 0,791.
No Vale do Rio Doce, os produtores receberam em média R$ 0,911 por litro de leite, o valor ficou 3,12% superior ao recebido anteriormente. O maior preço observado na região chegou a R$ 1, e o menor a R$ 0,837.
No Sul e Sudoeste de Minas Gerais a alta acumulada em março, 0,91%, fez com que o preço médio do litro alcançasse R$ 0,82. No período a cotação maior foi de R$ 0,89 e a mínima de R$ 0,73 por litro.
A menor variação observada em março foi na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), 0,13%. O preço máximo recebido pelos produtores foi de R$ 1 e o mínimo de R$ 0,82. O valor média ficou em R$ 0,895.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, para o próximo mês, o pagamento referente à produção de março deverá ficar estável em relação ao mês anterior. No levantamento feito pelo Centro, 56% dos laticínios e cooperativas, que representam 63% do volume de leite amostrado, acreditam em estabilidade de preços.
Para 40% dos agentes de mercado, parcela que é responsável 28% da amostra em volume de leite, deve haver nova alta e apenas 4% dos entrevistados, que representam 9% do volume amostrado, apostam em queda de preços para abril.
Estoques - Segundo o Cepea, apesar da expectativa positiva em relação ao início da entressafra, o setor lácteo está atento ao consumo interno e às importações. Pesquisadores do Cepea destacam que, assim como observado no setor de carnes, as vendas de lácteos também estão desaquecidas.
No segmento de queijos, por exemplo, agentes entrevistados pelos pesquisadores do Cepea afirmam que os estoques do produto estão elevados devido às vendas retraídas, o que limita o aumento de preços mesmo num cenário de valorização da matéria-prima em função da queda de oferta.
Além disso, o alto volume de lácteos importados, especialmente de queijos e leite em pó, também tem pressionado a indústria nacional que pode ter dificuldades em repassar os reajustes da matéria-prima para os consumidores.
Os custos de produção de leite, também acompanhados pelo Cepea, continuam em patamares relativamente elevados devido aos preços dos grãos e da mão de obra, o que limita maiores investimentos na produção.
Veículo: Diário do Comércio - MG