Negócios na área de consumo desaceleram

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Baixa confiança dos consumidores e incerteza em relação à crise na zona do euro foram motivadores.


A ampla recuperação global das fusões e aquisições (F&A) nos setores de alimentos, bebidas, bens de consumo e varejo sofreu desaceleração no segundo semestre de 2011 em razão da baixa confiança dos consumidores e da incerteza em relação à crise financeira na zona do euro. No entanto, as empresas no mundo todo permanecem ansiosas para crescer, entrar em novos mercados e se consolidar, além de se preparar para retornar mais fortes quando a confiança for recuperada em 2012 e 2013, de acordo com relatório produzido pela KPMG International.

Estas são as principais conclusões de um estudo global que trata das atividades de fusões e aquisições no mercado de consumo - "Consumer Markets M&A Outlook: Pursuing Growth in an Uncertain World" (Perspectivas em F&A nos Mercados de Consumo: Buscando o Crescimento em um Mundo Incerto).

O levantamento foi baseado nas tendências apuradas nos últimos dois anos de atividade, em entrevistas com profissionais da prática de F&A da KPMG em 23 países, e complementado por comentários de executivos de private equity. Ele aponta que os fatores fundamentais para o crescimento permanecem em vigor na maioria dos países mas, também, que as empresas estão tomando cuidado ao se envolverem em grandes negócios, enquanto a crise na zona do euro permanece sem resolução e os consumidores continuam a se adaptar às mudanças nas condições econômicas.

Apesar de a obtenção de financiamentos continuar difícil, especialmente para negócios que faturam US$ 135 milhões ao ano ou mais, o relatório indica que o crédito está disponível para negócios intermediários, do mercado empreendedor (middle market), de boa qualidade, em que as empresas-alvo têm bases sólidas de clientes.

Em alguns mercados relativamente não influenciados pela zona do euro, particularmente a Noruega, os bancos estão começando a competir para reunir negócios financeiros estruturados para dedicar recursos. O estudo aponta que os credores nestes mercados estão até pressionados a manter condições razoáveis de custo do dinheiro. O setor de alimentos e bebidas está especialmente ativo, com mais de 900 transações publicadas ou concluídas em 2011.

"Em muitos desses países, como Estados Unidos, México, Polônia, Japão e África do Sul, atualmente se observa níveis razoáveis de atividades de F&A no setor de consumo, conforme as empresas nacionais se unem, a fim de ganhar economia de escala, ou os compradores estrangeiros buscam rotas em novos grandes mercados, como Rússia, China ou países africanos", afirma o líder global da prática de Mercados de Consumo da KPMG International, Willy Kruh.


Brasil - De acordo com o estudo, o Brasil também manteve em alta sua atividade de F&A. "As operações que envolveram empresas brasileiras continuaram fortes no ano passado", afirma o chairman da KPMG na América Latina, David Bunce. "Atualmente, as empresas colocaram em ‘modo de espera’ parte de seus planos de investimentos, aguardando para ver onde as coisas vão parar diante da crise internacional. Mesmo assim, o mercado brasileiro continua muito atrativo para operações de consolidação ou para a entrada de novos players estrangeiros", acrescenta.

"Na Europa, por outro lado, a ampla recuperação observada no primeiro semestre de 2011 foi interrompida à medida que todo impacto dos problemas na zona do euro veio à tona. Temos ouvido que os executivos têm expectativas positivas em relação aos novos governos da Grécia, Itália e Espanha, mas as empresas realmente esperam a resolução da crise por toda a Europa, fornecendo um conjunto claro de parâmetros com base nos quais possam planejar-se", acrescenta o Willy Kruh.

Embora os problemas temporários de confiança possam estar obrigando as empresas a ter cautela, há alguns fatores profundos e muito poderosos motivando-as a fazer planos estratégicos de expansão. Os entrevistados de vários países relatam que os mercados internos fragmentados e o aumento nos preços das commodities continuam a levar as empresas a buscar economias de escala e melhor logística por meio de fusões com concorrentes locais.

Internacionalmente, a antiga atração de grandes mercados de alto crescimento na China, Brasil, Índia e Rússia está levando compradores capitalizados dos Estados Unidos e do Japão a realizar negócios intermediários, com o intuito de obter um ponto de apoio enquanto os preços estão relativamente baixos.

O relatório observa o surgimento de aquisições influenciadas pela marca, especialmente por empresas mexicanas que desejam obter vantagens com a familiaridade da marca junto à grande população latina nos Estados Unidos, visando desenvolver um novo mercado para seus produtos.

Há também alguns sinais de ressurgimento de private equity houses como compradores. Elas estão interessadas principalmente em negócios do mercado empreendedor relacionados a bens de alta qualidade, uma vez que são projetos com maior probabilidade de financiamento pelos bancos.

Os líderes da prática de F&A da KPMG concordam que os mercados de consumo recuperarão a confiança e retomarão um nível mais normal da atividade.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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