Cheques estão escassos no varejo

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Para evitar calotes, lojistas preferem o porto seguro dos cartões de crédito e débito.


Após reinar por anos como principal forma de pagamento dos brasileiros, o cheque tem perdido adeptos para o cartão de crédito e débito. Apesar disso, muitos empresários e comerciantes ainda apostam nesta forma de pagamento. Dados de recente pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), mostram que os pré-datados foram utilizados por 15% dos consumidores, três pontos percentuais a menos do que o registrado em dezembro (18%). Esse recuo, de acordo com a entidade, pode ser explicado pelo fato de o cheque enfrentar enorme resistência no mercado varejista.

Contudo, empresários alegam que com a dificuldade de vendas e a grande concorrência que vive o comércio, o lojista que deixa de aceitar cheque perde clientes. "Não é inteligente por parte do comerciante não aceitar cheque pré-datado, já que esse meio de pagamento tornou-se uma concessão de crédito muito utilizada no comércio em geral", avalia a gerente da Le Lis Blanc, Vera Lucia de Aquino.

Localizada no Pátio Savassi, a loja faz parte de uma das principais empresas varejistas do setor de vestuário e acessórios de moda feminina de alto padrão no Brasil. Os clientes são principalmente mulheres com alto poder aquisitivo, de diferentes faixas etárias, que procuram produtos elegantes e femininos, inspirados nas últimas tendências internacionais.

Segundo ela, apesar de ter diminuído muito nos últimos anos, o pagamento com cheque ainda representa uma boa opção para os clientes, que parcelam as compras em até 10 vezes.

"Esse tipo de compra já foi bem maior, mas ainda há aquelas clientes que optam por este tipo de parcelamento", observa a gerente. Para se precaver dos possíveis problemas com o cheque, ela conta com a ajuda do Serviço de Proteção ao Crédito da CDL-BH. Além disso, a loja só aceita cheques de pessoa física. "Mesmo assim, já tivemos alguns problemas com cheque sem fundo", admite, revelando que o número de "borrachudos" manteve-se estável em relação ao ano passado, e não ultrapassou 10% das vendas.


Cultura - Mesma opinião tem a proprietária da Equipage Calçados do BH Shopping, Mariana Mascarenhas Mourão. A empresária afirma que, atualmente, recebe mais de 10 cheques por mês, mas lembra que apenas 5% das compras na loja foram feitas por este meio. Cartões de débito e crédito somaram 95%. Porém, este tipo de transação ainda tem seu espaço, defende Mascarenhas.

"O cheque faz parte da cultura do brasileiro", destaca. Ela também acredita que o cheque não deverá desaparecer do comércio, já que permite o famoso pré-datado, ainda muito utilizado nas compras. "Além disso, é muito comum o cheque ser utilizado como espécie de moeda paralela, no qual o comerciante utiliza o documento que recebeu de um cliente para pagar um fornecedor, por exemplo", diz.

Em relação à inadimplência, a empresária afirma que nos últimos cinco anos não passou de 1%. " bem pequena, pois a maioria das clientes que utilizam o cheque como pagamento é fidelizada", observa.

Todavia, a gerente do Departamento de Economia da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Silvânia de Araújo, alerta que o velho talão vem perdendo lugar dentro das operações do comércio. Hoje, apenas 25% dos empresários trabalham com essa forma de pagamento.

" um número cada vez menor, que com o passar dos anos tende a cair mais ainda", analisa. Tal fato é motivado pela alta taxa de inadimplência, além de golpistas que usam cheques roubados, falsificados e de contas já encerradas. Há, também, histórias de empresários e lojistas que foram vítimas de golpes.

Apesar disso, Silvânia de Araújo lembra que alguns poucos comerciantes ainda insistem em dar mais opções na forma de pagamento para os clientes, ainda que implique em riscos. " uma forma que eles encontraram de fugir das taxas de administração das operadoras de cartão de crédito, que atualmente variam de 3 a 5%", argumenta.


Inadimplência - No Diamond Mall, muitas lojas que até pouco tempo aceitavam o cheque desistiram de trabalhar com a moeda. Segundo o gerente da Zak, Gilberto da Silva Miguez, há oito anos a loja especializada em roupas e acessórios masculinos não aceita essa forma de pagamento nem mesmo dos clientes mais antigos.

"Tomamos a decisão por causa da inadimplência, que, em determinado ano, chegou a 30%", ressalta o gerente, que trabalha na empresa há 13 anos. "No início, tivemos perda nas vendas, mas logo os clientes começaram a pagar no cartão e tudo voltou ao normal", comenta. Hoje, para atraí-los, são oferecidas as mesmas facilidades do cheque, como parcelamento em até 10 vezes.

Na Klus, loja especializada em roupa e acessórios masculinos, a realidade não é muito diferente. Segundo o proprietário, Salvador Ohana, há dois anos a rede de lojas decidiu não aceitar mais cheque. O motivo? A alta taxa de inadimplência. "Antes os cheques representavam até 80% dos pagamentos, mas muitos voltavam e geravam prejuízo e dor de cabeça", afirma o lojista.

Em janeiro deste ano, 1,93% dos cheques emitidos em todo o país foram devolvidos, conforme o Indicador Serasa Experian de Cheques sem Fundos. O percentual é menor que o 1,99% de devolução verificado em dezembro do ano passado, mas é maior que o 1,70% registrado em janeiro de 2011.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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