As injeções de ânimo do governo na economia só devem impulsionar as vendas da Hering a partir do segundo semestre. Segundo Frederico Oldani, diretor financeiro da companhia, os primeiros três meses do ano refletiram um apetite de consumo ainda fraco, em sequência à desaceleração que atingiu o setor a partir de agosto.
Questionados sobre as vendas deste ano durante encontro anual com analistas e investidores na segunda-feira, em São Paulo, os executivos da Hering afirmaram que a demanda nos primeiros três meses do ano ficou abaixo das expectativas da própria companhia.
No dia seguinte ao evento (ontem), as ações da Hering, negociadas próximas do seu pico histórico, registraram queda de 5,57%, uma das maiores do pregão. Renner e Marisa, do mesmo setor, caíram 5,56% e 3, 75%, respectivamente. O Ibovespa recuou 1,88%.
Ao Valor, Oldani disse que havia uma preocupação, desde o fim do ano passado, sobre como seria o primeiro trimestre de 2012. "Foi mais difícil do que esperávamos".
O mês de março, segundo Oldani, foi particularmente pior. A companhia preparou suas vitrines de outono/inverno, mas o clima, que costuma começar a esfriar nessa época, continuou bastante quente no Sudeste. "Essa é uma questão pontual, recorrente no varejo. No geral, o que vimos foi ainda uma desaceleração setorial, que perdura desde a segunda metade de 2011", disse.
Segundo analistas, o maior volume de promoções no início do ano pode surtir efeito negativo na margem bruta da companhia, apesar do alívio da pressão de custos com o algodão na comparação com um ano antes. "O aumento de preços que a companhia fez em 2011 foi um ajuste das categorias básicas e, no momento, a empresa não vê necessidade de novos reajustes de preços neste ano", informou o relatório do Barclays.
O aumento do salário mínimo e a queda na taxa de juros, de acordo com Oldani, devem ter impacto positivo nas vendas da companhia a partir do segundo semestre, quando o executivo espera resultados mais robustos.
Até sexta-feira, a Hering deve divulgar ao mercado números prévios do desempenho nos primeiros três meses do ano.
No quarto trimestre de 2011, as vendas da Hering avançaram 8,2% sob o critério mesmas lojas (abertas há pelo menos um ano), um desempenho considerado pouco expressivo. Em igual período de 2010, as vendas tinham subido 20,8%.
Essa desaceleração, no entanto, não foi um fenômeno particular da companhia. Suas concorrentes listadas, Renner, Marisa e Riachuelo também apresentaram desempenho em vendas tanto ou mais modestos do que o da Hering.
Veículo: Valor Econômico