O déficit habitacional no Brasil, somado à carência de hotéis, restaurantes e hospitais para atender à demanda dos jogos da Copa e da Olimpíada deve impulsionar o mercado de louças sanitárias, que terá novos players em 2012. Além da entrada da suíça Laufen no mercado brasileiro (trazida sob importação pela Roca), a Eternit também entrou na briga e está levantando uma planta em Pecém (CE) para fabricação de louças sanitárias. Já a gigante Deca, do Grupo Duratex, adquiriu recentemente a Elizabeth, grande fabricante do ramo, para ampliar ainda mais a sua capacidade de produção
“Com essa aquisição, ampliaremos em cerca de 25% a nossa capacidade de oferta”, afirmou ao DCI o diretor-comercial da Deca, Roney Rotenberg. Há quatro anos, a empresa adquiriu a Louças Monte Carlos e a Ideal Standard. Agora, com cinco plantas e mais uma em construção, na cidade de Queimados (RJ), a Deca caminha para ganhar cada vez mais participação no mercado. Sua capacidade será de 11,7 milhões de peças anuais em 2013.
O executivo afirma que, no ano passado, a Deca registrou 20% de aumento do seu faturamento em relação ao de 2010. A meta em 2012 é continuar nessa linha de crescimento. “O mercado de louças sanitárias não é pulverizado, como outros segmentos de material de construção, por isso temos planos de crescer”, diz Rotenberg. Hoje, outro grande player do setor é a Roca.]
O executivo da Deca ressalta que a empresa vem lançando produtos da linha mais popular. “Nós temos percebido que, com o aumento da renda, a população brasileira quer produtos mais elaborados”, diz Rotenberg. “Estamos apostando cada vez mais no público C”, afirma.
Como a maioria dos fabricantes de material de construção, a Deca ainda tem no varejo a esmagadora maioria de suas vendas: cerca de 85%. Os outros 15% são comercializados diretamente com as construtoras. “Os meus artigos têm a cara dos home centers”, afirma Rotenberg.
As recentes medidas de incentivo ao setor de material de construção devem impulsionar ainda mais o mercado interno, segundo o diretor da Deca. Como exemplos, ele cita o cartão criado pela Caixa Econômica Federal, há alguns anos, com uma linha especial de financiamento para a compra de produtos desse segmento. O cartão tem contribuído muito com a indústria nacional, segundo o executivo. Agora, com o lançamento de uma linha de crédito para cotistas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), no valor de R$ 300 milhões — que pode ser estendido para R$ 1 bilhão — com juros de 8% ao ano, o mercado deve ficar ainda mais aquecido. “Estamos vivendo um bom momento”, comemora.
O Brasil possui um grande déficit de hospitais, assim como de hotéis e shopping centers (o chamado canal comercial), estabelecimentos indispensáveis para a realização dos jogos da Copa e da Olimpíada. Por essa razão, conforme Rotenberg, os investimentos (públicos e privados) anunciados para suprir essas lacunas devem alavancar o setor de louças sanitárias.
“Acredito que os eventos esportivos deverão impactar a nossa indústria”, afirma. Ele complementa que muitos aportes serão feitos nos mais diversos setores do País. “Nós, que estamos inseridos no mercado de materiais de acabamento, seremos amplamente beneficiados com essa onda de construções”, diz.
O executivo ressalta que o círculo virtuoso do setor começa a partir de agora. “Com o aquecimento da construção civil, atualmente, no Brasil, entraremos com os nossos produtos na etapa de acabamento ainda pelos próximos dois anos”, completa Rotenberg.
Novo player
A Eternit, que tem forte atuação no segmento de telhas, se lançou no mercado de louças sanitárias no final do ano passado, ao anunciar uma joint venture com a colombiana Corona, que terá participação acionária de 40% (a brasileira terá os outros 60%). “Entramos recentemente no setor e já somos praticamente o quinto em vendas”, afirma Élio A. Martins, presidente do Grupo Eternit.
O executivo explica que, atualmente, as duas empresas já trabalham em parceria. “A utilização da capacidade de terceiros é uma boa estratégia para conhecer esse mercado”, diz. No entanto, com a entrega da nova planta de louças da Eternit, em Pecém, no final de 2013, a previsão é atingir uma produção interna anual de 1,5 milhão de peças a partir de 2014. O número é considerado tímido perto do de outras concorrentes, como, por exemplo, a Deca e a Roca, mas Martins afirma que ainda assim a Eternit deve incomodar. “Nossa intenção não é chegarmos à liderança, mas nos tornarmos concorrentes significativos”, diz.
Martins destaca que, para atingir esse objetivo, o grande diferencial da Eternit é a logística. Ele explica que os fabricantes de louças sanitárias só distribuem grandes pedidos. “Podemos despachar poucas peças juntamente com a entrega de outros produtos do grupo, o que facilita que a louça chegue rapidamente aos mais diversos cantos do País”, afirma.
Veículo: DCI