Fabricantes nacionais de brinquedos se reinventam

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Num mercado inundado por importados e com crianças cada vez mais antenadas às mudanças tecnológicas, os grandes fabricantes nacionais de brinquedos criam novas estratégias para crescer. A Brinquedos Estrela entrará em 2012 no mercado digital, enquanto a Grow aposta em licenças de personagens nacionais para diferenciar-se dos chineses. Já a Gulliver busca se reerguer, depois do fim da parceria com a americana Hasbro, em 2008, investindo em produtos próprios.

Em seu aniversário de 75 anos, a Estrela investirá em games para celulares e redes sociais, desenvolvidos em parceria com a empresa de mobile marketing Grupo.Mobi. "Temos que acompanhar a transformação da criança brasileira", diz o gerente de Marketing Aires Fernandes.

A maior fabricante de brinquedos do País espera elevar o faturamento 20% neste ano, o dobro do projetado pelo setor para 2012. "Investimos R$ 8 milhões no desenvolvimento de novos produtos e R$ 18 milhões em apoio promocional, com a produção de 20 filmes publicitários para suportar os lançamentos e promoções comemorativas de 75 anos", relata. Mais de 200 novos produtos serão lançados, ante 180 em 2011.

Tendo registrado sucessivos prejuízos desde a década de 1990 - em 2011 as perdas somaram R$ 48 milhões -, a companhia espera atingir o equilíbrio de contas em até cinco anos. Enquanto isso, aposta na força da marca para atrair investimentos. "A marca é nosso maior ativo, que nos permite entrar em novos negócios com muitos investidores interessados em nos apoiar", acredita.

Com três fábricas, localizadas em Itapira (SP), Três Pontas (MG) e Ribeirópolis (Sergipe) - esta, inaugurada em 2011, com investimento de cerca de R$ 20 milhões para atender os mercados do norte e nordeste -, e 1,6 mil funcionários no pico de produção, a companhia obteve crescimento de 15% do seu faturamento em 2011, ano em que registrou receita operacional líquida de R$ 106 milhões, alta de 23% sobre 2010.

Atualmente, de 30% a 35% da oferta de produtos da companhia é de importados (a participação chegou a ser 60% da coleção em 2008). "A gente percebeu que não dá para competir com o chinês. Você tem que se aliar a ele e tirar o melhor proveito possível, utilizando esses elementos para repaginar produtos tradicionais, tornando-os mais atraentes", afirma Fernandes.

Com uma fábrica em São Bernardo do Campo (SP) e 650 funcionários, a Grow tem uma participação pequena de importados em seu portfólio, principalmente em componentes para bonecos com mecanismo, segundo o gerente de Marketing da empresa, Gustavo Arruda. Esta também é a linha de produtos que mais sente a competição com os produtos acabados chineses, relata o executivo.

"O principal diferencial que usamos são os personagens. O fato de termos o boneco do Sítio do Pica-Pau-Amarelo, o boneco da Turma da Mônica, é uma forma de nos distanciarmos da concorrência importada", afirma Arruda. A empresa, que não fala em valores absolutos, relata ter obtido crescimento de 10% do seu faturamento em 2011, com a produção de 8 milhões de brinquedos, ante 7 milhões em 2010.

Neste ano, a Grow espera crescer 15%, com o lançamento de 110 produtos. Os licenciados são a grande aposta, como os jogos e bonecos da "Era do Gelo 4" e Torrecopos do Luciano Huck. "Hoje, cerca de 40% dos nossos produtos têm um personagem agregado", diz o gerente, que afirma que os royalties variam de 6% a 15% do faturamento dos licenciados.

Já a Gulliver não está focada em crescimento de faturamento nos próximos anos, afirma a gerente de Marketing Isabelle Lavin. "Pretendemos faturar menos e lucrar mais", diz ela. O faturamento da companhia está em cerca de R$ 35 milhões ao ano, segundo a gerente. Ele já foi muito maior, de quase R$ 60 milhões até 2008, ano em que foi desfeita a parceria para distribuição de produtos da Hasbro, que naquele ano deu início a operação própria.

"Perdemos praticamente metade do negócio. Agora, queremos aumentar o desenvolvimento de produtos próprios e reduzir o que importamos pronto de outras empresas", diz ela, ressaltando que a tendência é de que essas empresas acabem entrando no mercado brasileiro por conta própria, no médio prazo.

Hoje, 60% de sua produção é importada, e 40%, nacional. Com isso, a Gulliver emprega apenas entre 150 e 200 trabalhadores. "Estamos utilizando menos de 50% da nossa capacidade produtiva, pois, mesmo com a alíquota de 35% sobre as importações, é mais barato trazer de fora do que produzir no Brasil."

Ainda assim, nos próximos anos, a empresa pretende ampliar sua linha de produtos pré-escolares Smoby, a linha de brinquedos para praia e as de futebol, que deverão ser fortalecidas pela proximidade dos grandes eventos esportivos. Mesmo com menores margens, a companhia deve buscar ampliar licenciamento.

 

Veículo: DCI




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