A Avon espera que uma nova CEO possa promover as transformações de que tanto precisa. A empresa de cosméticos, em dificuldades, acertou ontem a contratação de Sherilyn S McCoy, antiga executiva da Johnson & Johnson, para ocupar o posto de executiva-chefe.
O anúncio pôs fim a uma busca de quatro meses visando substituir a desgastada CEO Andrea Jung, alvo de críticas por não ter contido o declínio da empresa nem concluído a investigação de um caso de suborno. A Avon disse que Jung - a primeira mulher a ocupar o cargo de CEO da empresa em 126 anos - continuará como presidente executiva do conselho de administração após McCoy assumir, no fim deste mês.
McCoy assumirá na Avon menos de dois meses após ter sido preterida para o cargo máximo na Johnson & Johnson, que em fevereiro anunciou que Alex Gorsky iria tomar posse como CEO, na sucessão de Bill Weldon.
O anúncio da Avon acontece apenas uma semana após a companhia ter rejeitado ser comprada por US$ 10 bilhões pela Coty, fabricante de produtos de beleza de menor porte.
Fundada em 1886, a Avon tornou-se uma constante nos lares em todo os EUA, quando uma legião de "vendedoras Avon" ia de porta em porta vendendo maquiagem para familiares, amigos e conhecidos. A empresa comercializa seus produtos em mais de 100 países por intermédio de aproximadamente 6,4 milhões representantes de vendas independentes.
A receita anual da Avon é superior a US$ 11 bilhões. Mas as vendas na América do Norte caíram e cerca de 80% do faturamento hoje vem do exterior. A empresa tem frequentemente frustrado as expectativas dos analistas e vem registrando vendas fracas em alguns de seus maiores mercados.
As ações da Avon sofreram as consequências. As ações da companhia caíram 3,12%, para US$ 22,69 no pregão de ontem. Até o fim da semana passada, suas ações tinham caído cerca de 26%, em comparação a um pico em 52 semanas, de US$ 31,60, em maio passado. Suas ações valem agora pouco mais da metade de seu pico histórico de US$ 46,11, em 2004.
A Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC) está investigando contatos da Avon com analistas financeiros em 2010 e 2011, como parte de uma investigação sobre suborno. Há pressões externas, também. Na semana passada, a companhia rejeitou uma proposta de aquisição apresentada pela Coty, que ofereceu US$ 23,25 por ação, descartando-a por considerá-la muito baixa. Na ocasião, esse valor significava um prêmio de 20% sobre a cotação de fechamento anterior das ações da Avon. A Coty declarou que não se empenhará em concretizar uma aquisição hostil.
Jung, 53 anos, entrou para a Avon em 1994, assumindo a função de presidente de marketing de produtos. Ela ascendeu na hierarquia, tornando-se CEO em 1999 e agregando o cargo de presidente do conselho em 2001. Quando a Avon anunciou estar buscando um novo CEO, em dezembro passado, a empresa disse que iria separar as funções de CEO e de presidente do conselho. As expectativas estarão elevadas para quando McCoy tornar-se CEO da Avon e membro do conselho, em 23 de abril. McCoy tem 30 anos de experiência na Johnson & Johnson, onde atuou como vice-presidente do comitê executivo e com a responsabilidade por marcas como Neutrogena, Aveeno e Lubriderm. Antes disso, ela foi presidente mundial de produtos farmacêuticos.
"Sheri tem uma combinação única de estratégicas e de habilidades operacionais superafiadas, com um significativo histórico de recuperação de empresas, experiência mundial e liderança de pessoas", disse Fred Hassan, principal diretor do conselho de administração da Avon.
A renúncia de McCoy da Johnson & Johnson, que entrará em vigor em 18 de abril, significará que ela não terá que participar da reunião em que o novo CEO será empossado. Gorsky, que comanda a operação de dispositivos médicos e unidades de diagnóstico, e McCoy, que dirige os negócios nos setores farmacêutico e de consumo, eram considerados os mais prováveis sucessores de Weldon, após ambos terem sido nomeados presidentes de suas divisões em janeiro do ano passado.
Veículo: Valor Econômico